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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

O machismo e a cultura

Há uma falha considerável nas ciências sociais em não considerar o inato na personalidade quando se prontifica a analisar comportamentos individuais e de grupo. O próprio termo inato é visto como algo impróprio a se considerar nessas análises. Pouco, ou mesmo nada, se considera das ultimas descobertas sobre a influência da seleção natural em nosso modo de ser. Nosso sistema nervoso central, como todos os outros nossos sistemas é fruto de um processo evolutivo que premiou os comportamentos que favorecem a reprodução e a sobrevivência. Não considerar isso é “retirar o chão” de qualquer entendimento objetivo.

Grupos “politicamente corretos” que tanto desserviços promovem aos movimentos sociais são notórios por desconsiderar esse fato. É a sociedade que faz tal ou qual coisa com o indivíduo, dizem. A sociedade é culpada pela competitividade, pelo machismo, racismo, sexismo e todos os outros ismos. Nesse mundo em abstrato em que vivem não há responsabilização do indivíduo, ele é apenas um objeto, tal qual uma antiga fita cassete, onde informações são gravadas.

Em um site de relacionamento tive a possibilidade de contra argumentar a seguinte afirmação:

“A repressão influenciou para o anonimato feminino. A produção intelectual masculina é maior por fatores históricos e repressivos. Um passivo social sem tamanho e que aos poucos deve ser igualado com a revolução feminina. Mas penso que nas áreas exatas o cérebro masculino se sobressaia em relação ao feminino. Em contrapartida as mulheres se destacam na linguagem, psicologia, sociologia... Apenas inteligências distintas, o que falta as mulheres é a coragem de impor sua produção e o seu talento perante a sociedade machista que ainda prevalece como resquício de outrora..”

A "repressão". E qual a origem dessa repressão? Ela mesma responde:

 "A produção intelectual masculina é maior por fatores históricos e repressivos. Um passivo social sem tamanho e que aos poucos deve ser igualado com a revolução feminina."

Ou seja, tudo é cultural? Mais adiante ela tenta remediar essa situação e reconhece diferenças entre o cérebro masculino e o feminino. Mas e novamente, qual a origem disso? É a cultura que molda nosso cérebro!? Seleção natural é mito?

E ai vem a finalização nada surpreendente:

"Apenas inteligências distintas, o que falta as mulheres é a coragem de impor sua produção e o seu talento perante a sociedade machista que ainda prevalece como resquício de outrora..."


Pq falta "coragem"? Ou aliás, será certo o uso desse termo? Sociedade machista, sem dúvida, mas originada de qual forma? Por um plano maligno de dominação patriarcal? Ou ao contrario, algo inato e por isso mesmo comum em todas as sociedades independente da cultura?

Não é a cultura que nega o machismo? Temos que aprender a não sermos machistas, enquanto que o "machismo" em geral é a condição natural de nossos parentes evolutivos próximos. Nós temos que deixar de sermos machistas, mas não é justa a afirmação de que nós o inventamos. Ele é próprio de nossos antepassados e o fato de estarmos vencendo-o é motivo para elogios aos homens e não sua condenação.


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