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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Ciência e arrogância I



Acredito na teoria da evolução por seleção natural. Penso ter informações sólidas para crer que suas conclusões sobre o desenvolvimento da vida estão mais próximas da realidade do que teorias concorrentes (a maioria dessas tais “teorias” não passam de hipóteses e o criacionismo é apenas um mito). 

Mas não seria apenas arrogância acreditar que estou certo enquanto muitos pensam o contrário? Por que teorias científicas podem ser vistas como verdadeiras enquanto outras formas de se produzir conhecimento não apresentam esse grau de confiabilidade?

O que diferencia o acreditar em uma teoria e em um mito? Porque a acusação dos negadores da ciência não procede ao afirmarem que tanto religião, misticismo e ciência não passam de crenças e devem ter o mesmo status? Ou ainda, haverá um critério infalível para diferenciar conhecimento real de suposições bem elaboradas?

A resposta à última pergunta é não, não há algo “infalível” nessa história. Sobre as demais questões, é possível se estabelecer critérios adequados para se ter conhecimento realista sobre algo, ao invés de suposições e “fé”.

Teorias não são simples ideias sobre um fato e sim a sua comprovação feita da melhor forma possível. É necessário um esforço coletivo através de experiências e principalmente troca de informações. 

Ninguém faz ciência em segredo absoluto.

Pesquisadores concorrem uns com outros para a comprovação ou refutação de idéias baseadas em evidencias, cientistas são verdadeiramente predadores das ideias dos demais. De nada adianta afirmar-se que tal substancia cure hepatite, por exemplo, ou que se fez fusão a frio se outros pesquisadores não puderem comprovar o experimento. 

Essa troca de informação e concorrência entre pesquisadores é parte fundamental do mecanismo de autocorreção da ciência. 

Quanto melhor se derem as condições para que ocorra, mais conhecimento objetivo é produzido. Caso não funcione, as falhas na produção do conhecimento poderão se impor a tal ponto que inviabilize o próprio processo.

O exposto acima não significa a impossibilidade de se construir conhecimento por meios que diferem da ciência, mas a quantidade de conhecimento produzido pelo moderno método cientifico é por demais evidente para não se reconhecer que se trata da forma mais eficaz de se  conhecer a realidade tal come ela é e não como a imaginamos. 

Mas não há nada de arrogante nisso, antes é a humildade de se submeter ao julgamento dos pares que possibilita o avanço da ciência. Não há essa humildade na religião. Cada credo afirma suas convicções sem se ater ao fato de estarem em desacordo com os demais e afirmam que os outros estão errados, e nenhuma evidencia é apresentada para coisa alguma. 

É tudo questão de fé, a crença sem fundamento de que um ser superior está nos guiando e nos fazendo acreditar em algo real. 

E essa “certeza” é muito perigosa. Se crermos que Deus, deuses, aliens, anjos ou espíritos superiores nos guiam, não evitaremos até mesmo atos absurdos tais como não vacinar nossos filhos ou explodir bombas para matar infiéis.  

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