Acredito na teoria da evolução por seleção natural. Penso ter
informações sólidas para crer que suas conclusões sobre o desenvolvimento da
vida estão mais próximas da realidade do que teorias concorrentes (a maioria
dessas tais “teorias” não passam de hipóteses e o criacionismo é apenas um
mito).
Mas não seria apenas arrogância acreditar que estou certo enquanto
muitos pensam o contrário? Por que teorias científicas podem ser vistas como
verdadeiras enquanto outras formas de se produzir conhecimento não apresentam
esse grau de confiabilidade?
O que diferencia o acreditar em uma teoria e em um mito?
Porque a acusação dos negadores da ciência não procede ao afirmarem que tanto
religião, misticismo e ciência não passam de crenças e devem ter o mesmo
status? Ou ainda, haverá um critério infalível para diferenciar conhecimento
real de suposições bem elaboradas?
A resposta à última pergunta é não, não há algo “infalível”
nessa história. Sobre as demais questões, é possível se estabelecer critérios
adequados para se ter conhecimento realista sobre algo, ao invés de suposições
e “fé”.
Teorias não são simples ideias sobre um fato e sim a sua
comprovação feita da melhor forma possível. É necessário um esforço coletivo
através de experiências e principalmente troca de informações.
Ninguém faz
ciência em segredo absoluto.
Pesquisadores concorrem uns com outros para a comprovação
ou refutação de idéias baseadas em evidencias, cientistas são verdadeiramente
predadores das ideias dos demais. De nada adianta afirmar-se que tal substancia
cure hepatite, por exemplo, ou que se fez fusão a frio se outros pesquisadores não puderem comprovar o
experimento.
Essa troca de informação e concorrência entre pesquisadores é
parte fundamental do mecanismo de autocorreção da ciência.
Quanto melhor se
derem as condições para que ocorra, mais conhecimento objetivo é produzido.
Caso não funcione, as falhas na produção do conhecimento poderão se impor a tal
ponto que inviabilize o próprio processo.
O exposto acima não significa a impossibilidade de se construir
conhecimento por meios que diferem da ciência, mas a quantidade de conhecimento
produzido pelo moderno método cientifico é por demais evidente para não se
reconhecer que se trata da forma mais eficaz de se conhecer a realidade tal come ela é e não como
a imaginamos.
Mas não há nada de arrogante nisso, antes é a humildade de se
submeter ao julgamento dos pares que possibilita o avanço da ciência. Não há
essa humildade na religião. Cada credo afirma suas convicções sem se ater ao
fato de estarem em desacordo com os demais e afirmam que os outros estão
errados, e nenhuma evidencia é apresentada para coisa alguma.
É tudo questão de
fé, a crença sem fundamento de que um ser superior está nos guiando e nos fazendo
acreditar em algo real.
E essa “certeza” é muito perigosa. Se crermos que Deus,
deuses, aliens, anjos ou espíritos superiores nos guiam, não evitaremos até
mesmo atos absurdos tais como não vacinar nossos filhos ou explodir bombas para
matar infiéis.
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