A noção de
que temos id, ego e superego tal qual afirma Freud é apenas uma alegoria.
Nosso cérebro é dividido em
várias partes que realizam varias funções, mas evolutivamente podemos dividi-lo
em três partes. Uma parte primitiva, que não difere do cérebro de outros
animais onde emoções como o medo, o prazer, a raiva e o desejo sexual se
expressam. Uma parte intermediaria semelhante ao cérebro de mamíferos
superiores e finalmente o neocórtex, que surgiu recentemente na história
evolutiva e é a sede dos processos mentais mais elaborados chamados genericamente
de consciência.
Varias ações
são realizadas de forma automática. Algumas são benéficas como dirigir um
veículo sem precisar refletir sobre qual atitude tomar a cada momento. Outras
são questionáveis, como quando traímos parceiros por não resistir ao apelo
sexual. E ainda outras são maléficas e prejudiciais como quando confrontamos
fisicamente alguém por raiva sem que estivéssemos em risco real de sermos
agredidos. Mas tudo se deve a estrutura do encéfalo.
O “funcionamento
automático do cérebro” (termo que prefiro ao invés de inconsciente) só nos
demonstra que nosso "eu mais profundo", nossa base biológica, é a mesma de
animais a que consideramos inferiores a nós, apesar da proximidade na árvore da
evolução, como chimpanzés, bonobos, gorilas e orangotangos.
E mesmo nesses
animais o funcionamento automático da mente não é absoluto, já existindo
indícios de entendimento limitados sobre a realidade e ações conscientes em
forma rudimentar. Mas foi no cérebro de nossos antepassados que ocorreu a
evolução das estruturas superiores do encéfalo, o que possibilitou a ascensão
de um fenômeno novo na vida na Terra, a consciência.
O
inconsciente não é uma “parte não utilizada de nosso cérebro”, apenas seu
funcionamento é diferente, não se baseando em racionalidade e reflexão sobre a
realidade. Ele não é um corpo estranho dentro de nossa mente produzido por
paradoxos entre indivíduo e sociedade. Ele é o resultado da atividade de partes
primitivas de nosso cérebro que agem sem o nosso controle direto e que cuidam de
aspectos inatos de nós mesmos.
O controle da parte consciente da mente sobre
atitudes irracionais pode essa sim ser ampliada culturalmente através da
educação formal e informal, dada pela família, comunidade e escola.
Nenhum comentário:
Postar um comentário