Não
são apenas mulheres que preferem homens bem vestidos. Evolutivamente tanto
homens e mulheres preferem seguir quem tenha símbolos de status elevados. Mas
os homens em geral preferem se relacionar com mulheres de status levemente mais
baixo que o seu para manterem o poder. Com as mulheres é ao contrario.
Homens
são mais diretos quando se trata de sexo, pois mais parceiras sexuais significa
mais descendentes, daí terem mais atração por mulheres nuas. Mulheres observam
mais a roupa e outros símbolos porque além de bons reprodutores também tem que
identificar bons provedores e são os símbolos de status que dão pistas sobre
isso. Novamente ressalto que escrevo sobre a base comportamental. A influência
sociocultural pode modificar consideravelmente esse comportamento, mas não
anulá-lo de todo.
Na natureza as diferenças entre macho e fêmea são “nuas e
cruas”. A nossa consciência modifica isso, daí as mulheres terem conseguido
mudar muita coisa, mas no íntimo, na parcela primitiva, a natureza continua a
influenciar o comportamento... É significativo que revistas com nu feminino sejam
muito mais comuns do que com nu masculino, mesmo com as mulheres tendo liberdade e
poder aquisitivo para comprá-las. Caso fosse um hábito apenas cultural esse
quadro já teria se modificado, mas não é o caso. Revistas para o publico
feminino mostram pessoas, em especial homens, bem sucedidos, com roupas, carros
e casas que indiquem status elevado. Mesmo que seja na novela da TV. Então
considerar diferenças de comportamento entre homens e mulheres como sendo
apenas culturais é enganoso. Acreditar que diferentes hábitos entre homens e
mulheres são obra unicamente da dominação machista patriarcal opressora
falocrata é discurso ingênuo e fora da realidade que apela a um igualitarismo
inexistente.
De
qualquer forma líderes, sejam homens ou mulheres, sempre se apresentam com
roupas diferenciadas. O terno apresenta-se já há muitas décadas como o “traje
geral de demonstração de status” e não raro vemos chefes mulheres usando
versões femininas dele. Políticos, empresários e alguns líderes religiosos o
usam para se destacarem aos nossos olhos e despertar nosso respeito, temor,
admiração e consideração. Líderes militares usam fardas. Padres e bispos utilizam
batinas. O propósito é o mesmo, ir de encontro a programação imposta a nós pela
seleção natural.
Mesmo reclamando por trás a maioria de nós cumpre as ordens
desses líderes quando à sua frente. E isso não é apenas força de expressão.
Podemos ver na prática atitudes inatas e comuns de obediência e reverência a
todas as culturas. Isso ocorre quando o governador visita uma repartição
pública, quando o superintendente vai a um escritório da empresa que lhe é
subordinada, o secretário de educação vai a uma escola, o bispo vai a uma
comunidade pertencente a sua diocese, o general passa em revista a tropa ou o
juiz vai ao cartório... Se pudéssemos voltar no tempo veríamos as mesmas
expressões, gestos, tom de voz, e postura corporal quando um grande chefe
guerreiro ia a uma das tribos que se subordinam ao seu domínio. Os
comportamentos são os mesmos...
Já no exemplo do churrasco trata-se de quase
exclusiva influência cultural. É marcante que em alguns países como o Brasil,
Argentina e EUA sejam os homens que o preparem. Mas outros tipos de preparo de
carne são majoritariamente feitos por mulheres. Não é um comportamento
generalizado. Não há indicação de que exista influência considerável da seleção
natural nesse comportamento supostamente exclusivo dos homens. Não há uma
vantagem evolutiva identificada. Talvez o fato de mais homens que mulheres
gostarem de esportes que simulem caçada, como o futebol seja um reflexo
indireto de comportamentos evolutivos. Homens mais habilidosos foram
selecionados naturalmente para a caça, enquanto mulheres não porque a caça era
uma atividade masculina.
Mas novamente é necessário dizer, tudo se dá em um
nível cada vez mais indireto quanto mais complexo é o comportamento. O
sistema nervoso é um conjunto de órgãos que evoluíram por seleção natural tal
como os outros. Essa seleção forjou a estrutura material do cérebro que nos
capacita a raciocinar e exercer as demais funções mentais superiores. A ideia
central da psicologia evolucionista é a de que nosso comportamento e modo de
pensar são originados por essa estrutura e são, obviamente, influenciados pela
sua própria história evolutiva.
Em
ambos os casos citados anteriormente parece haver precipitação em identificar
comportamentos com evolução. E isso induz ao erro, mas há criticas feitas à
psicologia evolucionista as quais ela precisa ser defendida. Ela
não é a retomada do velho conceito do inatismo, de origem religiosa, que era
dominante no passado. Ela de forma alguma representa o ser humano como um ser
que já vem pronto ao mundo e principalmente não considera válida nenhuma
suposição sobre a origem de nosso modo de pensar e de nosso comportamento como
sendo obra de algum ser sobrenatural. Ela não coloca “a evolução no lugar de
Deus” na criação de nossa mente. A evolução é um fato e não algo imaginário, e
sendo assim entendida tem sua ação na formação do que somos.
Tudo em nós é obra
do ambiente, mas isso deve ser entendido de forma adequada. O ambiente em que
viviam nossos antepassados determinou nosso desenvolvimento biológico. O
ambiente em que vivemos hoje nos proporciona a cultura. É dessa interação entre
formação biológica e aprendizado que se constrói o ser humano.
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