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segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Escola e ciência

Carl Sagan faz uma critica a escola em seu livro "O mundo assombrado pelos demônios". Ele afirma que as vezes tinha a sorte de ser convidado a dar uma aula em um "jardim de infância". Lá as crianças seriam, segundo ele, interessadas em conhecimento. Já no ensino médio a coisa mudaria de figura, com adolescentes em geral apáticos e sugere que são os métodos empregados no ensino o principal responsável pelo fato.  

Mas a escola ainda é o principal, senão o único lugar onde se tenta manter o "grande público" em contato com formas científicas de conhecimento, e a concorrência é desleal. Não somos cientistas natos, antes nosso pensamento é mágico, acreditamos em bobagens muito mais facilmente do que necessitamos de evidências.

Por mais que se mudem os métodos de ensino, e eles mudaram bastante nas ultimas décadas, o pensamento científico é algo que precisa ser construído com esforço e dedicação, principalmente pelo indivíduo e não somente por quem quer ensiná-lo.  

No vídeo abaixo há a argumentação de que é a escola que "esmaga" o modo de pensar científico que seria inato na criança. Nele Michio Kaku expõe essa noção desencontrada e profundamente lamentável.

http://www.youtube.com/watch?v=fjkVoW4Y3x0

Mas não é assim. Isso é uma forma errada de pensar. Há uma confusão grosseira entre curiosidade e pensamento científico e não consigo entender como um físico do porte de Kaku pode se confundir desse modo. 

Crianças são curiosas e não "científicas". Elas aceitam facilmente explicações irracionais, tolas e sem evidência. Daí o perigo de conviverem apenas com pessoas irracionais, tolas e que não necessitam de evidências...

Há várias falhas no ensino de ciências na escola, mas a divulgação de conhecimento não científico na sociedade bombardeia a criança desde seu nascimento e supre sua curiosidade muito bem.

A questão é, como superar essa influência não científica? Ou ainda mais, como evitar que a não ciência na criança se torne anti ciência no adulto? Ficar jogando pedras na escola com alegações falsas apenas agrava o problema.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Perguntas que me foram feitas


1) Como seria o mundo sem religião?
Duas respostas possíveis. Se por “sem religião” pensarmos que ela nunca tivesse existido, a seleção natural, o processo que nos permitiu evoluir, teria sido totalmente diferente. Temos o pensamento mágico, místico e religioso por que ele foi útil para a vida em sociedade no passado como de certa forma argumenta Carl Sagan.  Mas se entendermos que “sem religião” significa que conseguimos superar essa forma equivocada de pensar, isso me parece alvissareiro.  Não é porque foi útil que significa que ainda o seja e principalmente, nem tudo que é útil é verdadeiro.

2) Se Hitler tivesse nascido na década de 80, teríamos na sociedade atual , espaço para suas idéias e para o Nazismo?
Não. As condições para a ascensão dos regimes de extrema direita nas décadas de 20 e 30 do século passado foram as responsáveis por Hitler, Mussolini, Salazar, Franco e de certa forma Vargas, Peron  e outros do tipo. Todos esses atuaram em uma época em que a burguesia estava com medo da ascensão do movimento comunista e preferiu perder os anéis aos dedos. Indivíduos não fazem grandes transformações sociais por pura vontade do mesmo modo que um pedreiro não constrói uma casa sem o material e o conhecimento.  Nos anos 70 a economia “dirigida pelo Estado” já dava lugar ao “neoliberalismo”, um ciclo que se repete desde o inicio do capitalismo.  

3) Qual a causa da violência dentro de uma sociedade? Porque algumas são mais violentas que as outras?
A agressividade tem componentes inatos que nos permitiram vencer concorrentes no passado e com isso sobreviver e conquistar parceiras para nos reproduzir. E escrevo parceiras mesmo, porque os “politicamente corretos” estão enganados em querer igualar homens e mulheres em tudo. A seleção natural não se deu da mesma maneira entre gêneros diferentes. Homens são mais agressivos exatamente por isso ter sido útil para a sua sobrevivência e reprodução.  Mas essa mesma seleção natural nos dotou (a homens e mulheres) de um fenômeno complexo chamado consciência que nos permite ter grande desenvoltura em “fugir das amarras do inatismo” gerado por esse mesmo processo evolutivo. É um paradoxo incrível. Condições opressivas de vida e falta de perspectiva de evolução social me parecem ser dois elementos que despertam a agressividade inata  individual e coletiva. 

4) Como você avalia a mídia brasileira?Com o que ela contribui atualmente?
A mídia brasileira em geral me parece ser o comum de sociedades que ainda não superaram seu passado aristocrático e autoritário. Grandes grupos econômicos como a Globo e a Editora Abril ainda são as vozes que se impõem. A chegada da “esquerda light” ao poder pode indicar uma melhora nessa realidade, mas ao mesmo tempo me incomoda a bajulação da Rede Record ao governo. A oposição intransigente e mesmo inverídica da Veja não me incomoda mais que a puxação de saco do Paulo Henrique Amorim. 
Luis Nassif me agrada.