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domingo, 31 de março de 2013

Sobre a psicologia evolucionista III


Nossa consciência, nossa mente, nosso modo de pensar e agir, nosso comportamento, o que somos enfim, não são frutos exclusivos da cultura, do conhecimento que adquirimos e da sociedade em que vivemos. Caso fossem seria relativamente fácil modificar a sociedade e os indivíduos. Educação seria extremamente eficaz para melhorar as atitudes humanas. 

Mudanças sociais criariam imediatamente novas formas de pensar e agir nas pessoas. Mas tais coisas não acontecem de forma tão direta. Muitos tendem a exagerar a importância da educação, em especial professores e demais profissionais da educação. A solução de todos os problemas sociais pode ser alcançada por meio da criação de escolas e da manutenção das crianças e jovens dentro delas, de preferência o dia todo. Na prática trata-se de aprisionamento parcial.  

Há os que acreditam que a escola deva formar “bons cidadãos” cumpridores de ordens e regras sociais. Há os que queiram indivíduos “críticos e atuantes” que ajam para modificar a sociedade. E ambos os grupos erram ao supor ser a escola algo assim tão influente sobre a personalidade. É questionável se ela e os demais meios de se ministrar educação são capazes de modificar ou conservar as pessoas e a sociedade em um nível tão profundo de forma tão direta e rápida...

A educação não tem esses poderes mágicos que lhe são atribuídos, pois havendo condições inatas que influenciem nosso comportamento em sua base, a personalidade deve ser entendida como algo mais complexo. Sendo assim a modificação da realidade social deve ser pensada de forma menos simplória. Por isso é natural que pessoas progressistas tenham sérias ressalvas à psicologia evolucionista. Elas a veem como aliada dos conservadores. E os conservadores se aproveitam disso. Apelam mesmo para a falácia naturalista: “se o que somos é estabelecido por nossos genes, então mudanças não são possíveis”, alegam. Mas há um engano de ambos aí. 

Realmente não é tão fácil mudar o indivíduo mudando a sociedade. As várias experiências de construção da sociedade socialista tentadas no século XX atestam isso. Marx não se inteirou o suficiente sobre a noção de que somos produto da seleção natural, mesmo tendo curiosidade sobre ela e tendo conhecido Darwin. É uma falha grande em suas concepções sobre a forma de se superar a atual sociedade de classes. Devido em parte a isso, erros grosseiros foram cometidos na “construção do novo homem e da nova sociedade socialista”. 

Mas também não existe motivo para se crer que as formações sociais atuais sejam as únicas derivadas de nosso comportamento evolutivo. Afinal nossos antepassados primitivos eram muito solidários com os membros do próprio grupo e não dispunham de propriedade privada dos meios de produção... 

É muito temerário identificar automaticamente formações sociais como sendo “naturais”. Ao que parece se considerarmos o que afirma a psicologia evolucionista, aos progressistas e aos conservadores fica o recado: seres humanos não são como a argila que aceita ser moldada docilmente com a pressão das mãos, seja a esquerda ou a direita... Ao não se considerar a nossa origem biológica e se entender sua ação no comportamento, não haverá eficácia nas tentativas de planejar a sociedade de forma mais racional. Seja para conservá-la seja para modificá-la. 

sábado, 30 de março de 2013

Sobre a psicologia evolucionista II



Não são apenas mulheres que preferem homens bem vestidos. Evolutivamente tanto homens e mulheres preferem seguir quem tenha símbolos de status elevados. Mas os homens em geral preferem se relacionar com mulheres de status levemente mais baixo que o seu para manterem o poder. Com as mulheres é ao contrario. 


Homens são mais diretos quando se trata de sexo, pois mais parceiras sexuais significa mais descendentes, daí terem mais atração por mulheres nuas. Mulheres observam mais a roupa e outros símbolos porque além de bons reprodutores também tem que identificar bons provedores e são os símbolos de status que dão pistas sobre isso. Novamente ressalto que escrevo sobre a base comportamental. A influência sociocultural pode modificar consideravelmente esse comportamento, mas não anulá-lo de todo. 

Na natureza as diferenças entre macho e fêmea são “nuas e cruas”. A nossa consciência modifica isso, daí as mulheres terem conseguido mudar muita coisa, mas no íntimo, na parcela primitiva, a natureza continua a influenciar o comportamento... É significativo que revistas com nu feminino sejam muito mais comuns do que com nu masculino, mesmo com as mulheres tendo liberdade e poder aquisitivo para comprá-las. Caso fosse um hábito apenas cultural esse quadro já teria se modificado, mas não é o caso. Revistas para o publico feminino mostram pessoas, em especial homens, bem sucedidos, com roupas, carros e casas que indiquem status elevado. Mesmo que seja na novela da TV. Então considerar diferenças de comportamento entre homens e mulheres como sendo apenas culturais é enganoso. Acreditar que diferentes hábitos entre homens e mulheres são obra unicamente da dominação machista patriarcal opressora falocrata é discurso ingênuo e fora da realidade que apela a um igualitarismo inexistente.


De qualquer forma líderes, sejam homens ou mulheres, sempre se apresentam com roupas diferenciadas. O terno apresenta-se já há muitas décadas como o “traje geral de demonstração de status” e não raro vemos chefes mulheres usando versões femininas dele. Políticos, empresários e alguns líderes religiosos o usam para se destacarem aos nossos olhos e despertar nosso respeito, temor, admiração e consideração. Líderes militares usam fardas. Padres e bispos utilizam batinas. O propósito é o mesmo, ir de encontro a programação imposta a nós pela seleção natural. 

Mesmo reclamando por trás a maioria de nós cumpre as ordens desses líderes quando à sua frente. E isso não é apenas força de expressão. Podemos ver na prática atitudes inatas e comuns de obediência e reverência a todas as culturas. Isso ocorre quando o governador visita uma repartição pública, quando o superintendente vai a um escritório da empresa que lhe é subordinada, o secretário de educação vai a uma escola, o bispo vai a uma comunidade pertencente a sua diocese, o general passa em revista a tropa ou o juiz vai ao cartório... Se pudéssemos voltar no tempo veríamos as mesmas expressões, gestos, tom de voz, e postura corporal quando um grande chefe guerreiro ia a uma das tribos que se subordinam ao seu domínio. Os comportamentos são os mesmos...


Já no exemplo do churrasco trata-se de quase exclusiva influência cultural. É marcante que em alguns países como o Brasil, Argentina e EUA sejam os homens que o preparem. Mas outros tipos de preparo de carne são majoritariamente feitos por mulheres. Não é um comportamento generalizado. Não há indicação de que exista influência considerável da seleção natural nesse comportamento supostamente exclusivo dos homens. Não há uma vantagem evolutiva identificada. Talvez o fato de mais homens que mulheres gostarem de esportes que simulem caçada, como o futebol seja um reflexo indireto de comportamentos evolutivos. Homens mais habilidosos foram selecionados naturalmente para a caça, enquanto mulheres não porque a caça era uma atividade masculina. 

Mas novamente é necessário dizer, tudo se dá em um nível cada vez mais indireto quanto mais complexo é o comportamento. O sistema nervoso é um conjunto de órgãos que evoluíram por seleção natural tal como os outros. Essa seleção forjou a estrutura material do cérebro que nos capacita a raciocinar e exercer as demais funções mentais superiores. A ideia central da psicologia evolucionista é a de que nosso comportamento e modo de pensar são originados por essa estrutura e são, obviamente, influenciados pela sua própria história evolutiva.


Em ambos os casos citados anteriormente parece haver precipitação em identificar comportamentos com evolução. E isso induz ao erro, mas há criticas feitas à psicologia evolucionista as quais ela precisa ser defendida. Ela não é a retomada do velho conceito do inatismo, de origem religiosa, que era dominante no passado. Ela de forma alguma representa o ser humano como um ser que já vem pronto ao mundo e principalmente não considera válida nenhuma suposição sobre a origem de nosso modo de pensar e de nosso comportamento como sendo obra de algum ser sobrenatural. Ela não coloca “a evolução no lugar de Deus” na criação de nossa mente. A evolução é um fato e não algo imaginário, e sendo assim entendida tem sua ação na formação do que somos. 

Tudo em nós é obra do ambiente, mas isso deve ser entendido de forma adequada. O ambiente em que viviam nossos antepassados determinou nosso desenvolvimento biológico. O ambiente em que vivemos hoje nos proporciona a cultura. É dessa interação entre formação biológica e aprendizado que se constrói o ser humano.

sexta-feira, 29 de março de 2013

Sobre a psicologia evolucionista I




Mulheres preferem homens bem vestidos e homens cuidam da churrasqueira... Ambos por motivos evolutivos? Caçadores mais competentes se destacavam devido a sua habilidade e alcançavam maior status na tribo as quais pertenciam. E ao mesmo tempo tinham as melhores peles para usarem como proteção contra o clima. Mulheres têm naturalmente interesse por bons caçadores, pois são bons provedores. As que identificavam roupas (de pele) de melhor qualidade como símbolo de bons caçadores com maior status social obviamente tinham melhores chances de terem filhos com bons provedores. Sendo instintivamente caçadores é natural que os homens lidem com a carne. Mulheres coletavam frutos, caules e raízes comestíveis. Até hoje isso se reflete no hábito masculino de se preparar a carne em churrascos e no hábito feminino de ir às compras de vegetais em feiras e mercados.


As ideias expostas acima demonstram alguns equívocos sobre a influência da evolução em nosso comportamento presente. É um erro se ter em mente algumas sociedades apenas e tomar essa parte como referencia a toda a humanidade. É um erro também reduzir comportamentos complexos largamente influenciados pela cultura à sua base biológica, ao contrário deve-se partir da base e observar se há influencia dela sobre o comportamento. E em especial é um erro acreditar que comportamentos surgidos recentemente sejam de origem imediatamente biológica. 

Antes é necessário considerar-se que eles refletem indiretamente sua origem evolutiva ocorrida há, no mínimo, centenas de milhares de anos*. Nossa consciência tem influência em geral decisiva sobre comportamentos de origem biológica, mas nem sempre. Temos que entender que nossa vontade é algo complexo. Agimos de forma planejada, organizada e tudo o mais, mas há também o impulso, o fazer algo “por instinto”. Afinal de contas as partes primitivas de nosso cérebro não se diferenciam do cérebro de outros primatas. 

Vivenciei um caso interessante nesse sentido. Uma jovem assistente social feminista e militante de esquerda, ao ser paquerada inoportunamente por um conhecido, obedeceu ao impulso inato de reclamar ao parceiro ao invés de usar os tais direitos iguais e reclamar ao próprio assediador... Apesar da cultura em que ela se insere lhe dizer que é a mulher que deve cuidar de si, ela prudentemente obedeceu ao que a evolução lhe mandou fazer... Quando nos referimos aos comportamentos inatos devemos ter em mente que eles podem ser evitados se quisermos, mas não suprimidos de todo. 

A nossa base biológica é assim um alicerce. Não há determinismo absoluto quando tratamos de nossa mente. Quando falamos de grupos sociais existe grande influência da cultura. Em indivíduos existe a capacidade de repensar o que sentimos e de frear o que queremos fazer. Essa capacidade é obra da consciência. A consciência não é uma entidade mística que habita nosso cérebro. Origina-se nas partes mais modernas do nosso encéfalo. Ela própria é fruto da evolução por seleção natural, e ironicamente, é o que nos permite viver “acima do mundo natural” onde evoluímos.


A ideia sobre roupas é muito direta e não reflete a complexidade da questão. Antes de observar a suposta atração das mulheres por vestuário é necessário identificar se houve alguma vantagem evolutiva direta nisso ou se as roupas representam um símbolo. Nem todos os grupos caçadores usavam peles para se proteger. Entre os povos de regiões tropicais não havia o uso de roupas propriamente ditas. Tudo see resumia a proteção dos órgãos genitais, a não ser em comemorações e guerras. Mas o uso de dentes de animais predadores em colares, penas de aves de rapina em cocares e outros enfeites em orelhas, braços e pernas, além de tatuagens, eram comumente usados para demonstrar status. 

Chefes obviamente tinham cocares com penas maiores, colares com dentes de lobos, ursos, leões e outros grandes predadores. Mas mesmo essas práticas em si são relativamente recentes e não foram filtradas pela seleção natural. Antes são elas fruto de comportamentos ainda mais antigos, esses sim determinados da evolução. Seguir líderes é comportamento evolutivo em nossa espécie e em inúmeras outras. Para manter-se na liderança o chefe usa de modos de se diferenciar e de impor sua vontade. Entre outros animais essa diferenciação e a autoimposição se dão quase exclusivamente pelo maior tamanho e maior força física. Nos animais sociais onde o macho é dominante ocorre desses serem em média maiores e mais fortes que as fêmeas. Entre os elefantes africanos a dominação é feminina devido a serem as fêmeas maiores e mais fortes que os machos. 


Entre nós a dominância é masculina. Mas como temos consciência há uma divisão maior de poder nas sociedades em que as mulheres lutam por ele. A consciência é o fenômeno mais emblemático criado pela seleção natural. É a consciência, o conjunto de nossas funções mentais superiores, que nos possibilita atualmente sobrepujar a influencia da seleção natural. Mas ela própria é fruto dessa seleção que tornou nosso cérebro capaz sentir, interpretar e reconstruir a realidade. 

É a consciência que nos permite criar símbolos de status, como as roupas de grife, os enfeites corporais como colares, pulseiras e anéis de ouro, prata e pedras preciosas, os carros de luxo, mansões e palácios, os hábitos considerados refinados para diferenciar-se dos “hábitos grosseiros” das pessoas comuns... Alguns símbolos são explícitos como coroas na cabeça dos reis e um carrão na garagem. Ou um título de doutorado. 

As pessoas sem poder aquisitivo e outros meios para adquirir esses símbolos de status apelam para cópias que simulam o status elevado. Assim temos bijuterias, réplicas de roupas de marca e carros populares com enfeites que simulam os de carros mais caros (como o Cross Fox e o Sandero Stepway, ambos compactos disfarçados de SUVs). Porque temos pessoas que gastam muito mais do que ganham e fazem de tudo para criar e manter a aparência de status elevado? Esse comportamento sim é muito diretamente determinado pela seleção natural, é geral, comum a todas as culturas e tem clara função de atração de parceiros para a reprodução.


Não são, portanto, as roupas em si a questão, mas sim determinar a origem comum de toda a simbologia que indique liderança/atração. Tanto homens quanto mulheres em nossa sociedade respeitam, dão atenção, tem consideração maior ou no mínimo entendem se tratar de alguém diferenciado quando veem homens vestidos com um terno. Entre os povos indígenas da América do norte isso ocorria com homens que usassem colares de garras de urso e cocares de penas de águia grandes e vistosas. 

Os significados de símbolos diversos são aprendidos culturalmente, mas há a tendência inata de reverenciar símbolos que indiquem liderança e autoridade. Em todas as sociedades, não importam diferenças culturais, o líder se encontra acima e afastado de seus liderados e usa objetos e vestuário que definem sua função. Mesmo que realmente queira “se mostrar igual a todos”, ele não é visto assim por aqueles que o seguem ou que são obrigados a segui-lo. Será amado ou odiado, respeitado ou não, temido ou visto como vacilante, mas de qualquer forma ficará em evidência. O uso de trajes considerados superiores é obrigatório, tanto pelo presidente de um país moderno em uma cerimônia quanto por um chefe tribal na comemoração da vitoria em uma guerra contra a tribo inimiga. 

O uso de “traje inadequado” é capaz de causar constrangimento a um nível totalmente irracional. O comparecimento de um general em revista a tropa usando bermuda e camiseta seria por si só considerado insanidade, do mesmo modo que um soldado em formação usando esse mesmo traje seria punido por insubordinação. Símbolos de poder apelam e se comunicam diretamente com as parcelas primitivas de nossa mente, as que não questionam e agem automaticamente, e as roupas são talvez o símbolo máximo nesse contexto.
 
O comportamento de seguir líderes não é totalmente racional. Ele é aceito de forma acrítica pela maioria das pessoas. Comportamentos automáticos e próprios do senso comum são em parte diretamente determinados pela seleção natural.

Entre nós, devido a sua ação consciente, a mulher já alcançou em média maior status que em relação a todas as outras sociedades do passado. Daí então elas se apossarem de símbolos de status e liderança, antes quase exclusivamente masculinos. 


Essa transformação social é uma evidencia de que entre nós a consciência joga um papel enorme na superação de nosso passado evolutivo, mas negar a influencia desse passado é erro grave. 
 
*Ver no texto “A evolução humana continua a ocorrer?” nesse mesmo blog a explicação para que a evolução por seleção natural tenha aparentemente sido freada na humanidade nos últimos milhares de anos.

terça-feira, 19 de março de 2013

A psicopatia e a sociedade contemporânea


Mas qual a origem da psicopatia? Como a seleção natural possibilitou que um predador/parasita da própria espécie existisse?

A seleção natural age individualmente e não na espécie como um todo. Animais sociais tendem a ter empatia, compaixão, atenção e outras formas de cuidados para com outros animais do mesmo bando porque esse comportamento é benéfico para eles. 

Reunir-se em bandos é uma forma eficiente de proteção do individuo frente a predadores. Observe que a maioria dos mamíferos herbívoros vive em bandos pois isso os protege dos carnívoros. 

Atitudes de companheirismo são benéficas para nos livrar de problemas e perigos. Em grandes primatas há certo nível de compreensão disso. Ao catarem parasitas mutuamente e realizarem atividades em comum, como a proteção de filhotes uns dos outros eles fortalecem laços de confiança. Os indivíduos menos altruístas, que recebem mas não doam, esses tende a ser relegados a um segundo plano. 

Mas por que isso nem sempre ocorre nos seres humanos como parece ser no caso dos psicopatas? Bem, a evolução tem suas falhas. Mesmo entre bandos de chimpanzés, gorilas e orangotangos alguns indivíduos menos dispostos a colaborarem com o bando conseguem fingir e tirar vantagem desse fingimento. E mesmo entre humanos o comportamento psicopata propriamente dito é minoritário. Indivíduos sem empatia entre animais sociais são um peso a ser carregado pelo bando, mas mesmo assim e de forma minoritária conseguem sobreviver e deixar descendência. 

Entre seres humanos some-se a isso o fato de que vivemos em “bandos” muito maiores e mais complexos do que outros animais. Nossa capacidade de ter empatia é muito desenvolvida. Então psicopatas se valem dessa característica de pessoas normais e conseguem status e parceiras sexuais para se reproduzir. Iludem, inventam histórias tristes, conseguem convencer de que são vitimas do sistema, se fazem de bons companheiros, amantes atenciosos...  Até que não lhes interesse mais usar a máscara. 

Psicopatas menos inteligentes e mais violentos usam a força e a intimidação para conseguirem o que querem. Os mais inteligentes conseguem postos mais altos na hierarquia social, sendo que muitas vezes os vemos na TV e nos jornais com suas roupas caras comandando grandes grupos econômicos e em cargos governamentais. A esses obviamente não faltam meios de viver e se reproduzir...

O enorme nível de competitividade que existe nas sociedades modernas, com várias redes de hierarquias nos torna cada vez menos colaboracionistas uns com os outros, e nesse contexto os psicopatas tem nítida vantagem. Eles não precisam se adequar a um mundo frio e sem consideração, sem noção de amizade, companheirismo, doação e colaboração entre os indivíduos. Psicopatas já são assim. 

Estamos construindo um mundo para eles. Já estão se destacando cada vez mais entre os de status elevado com influência cada vez maior.  Não se trata de alarmismo, não há o porquê temer que psicopatas se unam para tornar nossa sociedade ainda mais egoísta do que já é. Isso é conspiracionismo barato. Devido as suas próprias características os psicopatas raramente formam parcerias estáveis uns com outros. Ao contrario preferem agir sozinhos ou comandando pessoas influenciáveis.

Psicopatas já estão vivendo em um mundo que lhes é muito favorável sem que nada tenham feito para consegui-lo. Fizemos-lhes uma doação. E ela precisa ser desfeita

Psicopatas

Existem ao menos dois tipos de psicopatas, o parasita e o predador, embora seja comum que o mesmo indivíduo apresente uma mescla dos dois comportamentos com a dominância de um deles. E há níveis de psicopatia, os mais e os menos cruéis, os que tem pouquíssima ou nenhuma empatia, os que dissimulam e os que nem tanto... 

Há os, manipuladores e enganadores, que não cometem crimes graves sem planejamento e tomam cuidado para não serem pegos. E há os cruéis em demasia, que torturam, matam e estupram sem esconder o que fazem. 

As mulheres tendem a ser menos violentas, mas usam de artimanhas bem eficazes para influenciar e dominar e se aproveitar de amigos, colegas de trabalho, maridos, amantes...  

Os psicopatas do tipo parasita procuram se ligar a uma pessoa influenciável e com o lado emocional frágil. Fazem-se de prestativos. Fazem promessas de amizade ou amor eterno. Dominam a pessoa, manipulam-na emocionalmente e a chantageiam.  Armam simulações de arrependimento quando são acusadas de uma falha grave. Ameaçam abandonar a pessoa se ela não fizer o que querem. Procuram se tornar íntimos e conhecer segredos. Com isso podem praticar chantagem para não revelá-los. Usam os recursos econômicos e a influência da pessoa ao seu bel prazer e podem cometer até o assassinato do parceiro se obtiverem vantagem nisso...

Nesses casos é difícil determinar inicialmente quando se trata ou não de um psicopata.  Nem todo aproveitador é psicopata, mas as consequências de se ter um “amigo” com esse mal costumam ser mais trágicas, pois eles não hesitam em cometer atos que pessoas normais não cometeriam tão facilmente  mesmo sendo desonestas. 

Já o tipo predador é agressivo, “caça suas vítimas”, seja para estuprar, matar por prazer ou acabar com a vida profissional de alguém para lhe tomar o cargo na empresa... Muitos estupradores são psicopatas e a quase totalidade dos Serial Killers também é. Alguns  desses conseguem esconder até da família e amigos as torturas e assassinatos que cometem e levam vidas aparentemente normais, sem demonstrarem ser predadores desumanos. Podem passar anos ou até a vida toda agindo dessa maneira sem serem pegos. Mas a maioria não se preocupa em esconder o que faz sendo logo identificados e encarcerados, mas continuam a agir da mesma forma na prisão. 

Em um nível mais moderado uma pessoa altamente competitiva que não veja problema algum em destruir carreiras de colegas por meio de mentiras e enganações ou a vida pessoal de conhecidos também pode ter traços de psicopatia. 

Profissionalmente um psicopata inteligente e com autocontrole maior que a média poderá fazer carreira em lugares altamente competitivos, como grandes corporações internacionais. Notoriamente os cargos mais altos na direção dessas empresas são ocupados por indivíduos que tem traços marcantes de “psicopatia moderada”. 

São manipuladores, conseguem arrebanhar seguidores e convencer com argumentos perspicazes e não necessariamente reais. Falsificam, distorcem e mentem calmamente sobre dados que poderão significar a falência de empresas concorrentes. Não se importam com a demissão de milhares de trabalhadores, em nenhum momento pensam na miséria das famílias e outras consequências sociais. 

O limite entre a ação de um grande empresário e um corruptor é muito tênue, e entre psicopatas esse limite não existe. Através de armações e negociatas, empresários e políticos podem condenar milhares de pessoas ao sofrimento e a morte ao desviarem verbas da saúde e comercializarem medicamento adulterado. 
Podem jogar países numa guerra para aumentar o faturamento da indústria bélica e do petróleo. E sem sentir nenhum remorso ou arrependimento. 

No crime comum os psicopatas também costumam alcançar níveis altos na hierarquia. Torna-se facilmente líderes pois tendem a ser arrojados e temerem pouco a morte. Conseguem manipular melhor sem se aterem a consciência pesada mesmo no caso de terem que trair mortalmente a confiança até mesmo de parentes e amigos.

Em psicopatas que sentem prazer em caçar suas vitimas para torturar e matar é comum que isso se torne uma rotina, é o já citado caso de Serial Killer.  Os mais famosos são os que matam cumprindo rituais, escolhendo vítimas sempre pelo mesmo critério que pode ser o tipo físico, a idade, o gênero, o mesmo local para agir, época do ano, tipo de veículo e roupas ou qualquer outro. 

Mas alguns são mais discretos, podem matar pessoas aleatoriamente e com isso não levantar suspeitas. Torturam e matam por anos sem que ninguém suspeite deles. 

Quando capturados a defesa alega que seu cliente não tinha consciência do que fazia (seriam psicóticos) e o psicopata obviamente dissimula para que sua pena seja reduzida. 

Inventam que ouviam vozes que mandavam matar, que não conseguiam evitar pois uma força misteriosa os forçava, que seria o diabo, espíritos ou alienígenas quem os obrigava... Tudo para serem confundidos com loucos, coisa que nem todos são. Mas nem todos dissimulam, alguns têm prazer em assumir crimes, gostam de serem temidos. Alguns até assumem crimes que não praticaram. 

Há os de pouca inteligência e também os que têm traços de psicose. Esses tendem a agir sem planejamento, não dissimulam o que fazem, contam os crimes que praticam para serem temidos, são violentos e cruéis em demasiado. São estupradores e assaltantes que matam suas vítimas, traficantes que matam clientes e membros da quadrilha por qualquer falha. Matam inimigos para serem temidos pelos demais. Alguns até mesmo se acham justiceiros e matam bandidos. Em geral terminam mortos ou presos ainda jovens. 

Na cadeia são temidos pelos demais detentos. Aproveitam momentos como as rebeliões para assassinar desafetos. E são assassinados também. Mortes violentas de psicopatas são compreensivelmente mais comuns do que em comparação a população em geral.
Tratamentos mentais para psicopatas raramente resultam em mudanças benéficas. Ao contrário, o comum é que o individuo aprenda a refinar sua dissimulação.

Talvez o pior mesmo quando se analisa a psicopatia seja perceber que pessoas mentalmente sãs são capazes de fazer, sob certas circunstancias, algumas das coisas que um psicopata faz. Seria absurdo crer que todo ditador, todo corruptor, todo criminoso cruel sofre desse mal. Um dos motivos principais que leva pessoas normais a cometer crueldades é acreditarem que estão agindo de forma correta e necessária e que seus atos são justificados por um ser superior. Lideres religiosos fanáticos ao terem a certeza de que estão agindo em nome de Deus não hesitarão em pregar e mesmo praticar atos nocivos. Líderes políticos ao crerem que tem a verdade histórica nas mãos também não verão problemas em agir com brutalidade contra opositores...