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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A web nos mostra o que pensa o nosso vizinho

A web em geral reproduz por escrito ou por meio de vídeos o que  antes era apenas dito em espaços fechados, como dentro das casas, bares, trabalho e outros locais de encontro e reunião. As vezes encontramos opiniões que nos causam estranhamento. Pensamos, "isso não pode ser sério, pessoas não podem pensar algo assim tão absurdo".

Bem, as vezes o que é absurdo para nós não é nada absurdo para outros. Temos a impressão de que é a web que cria essas opiniões. Mas a coisa não é assim tão simples. Essas opiniões antes eram ditas entre pessoas que concordavam uma com as outras. Por exemplo, dois neonazistas em uma praça podem tranqüilamente conversar sobre como seria bom que os nordestinos fossem expulso de São Paulo ou exterminados, ou qualquer coisa assim. Mas se eles escrevem isso na web, outras pessoas lêem, e aí começa a discussão. Ou seja, a opinião existia, mas não tínhamos acessodireto a ela.

Quem le opiniões na web não raro ve uma grande difusão de preconceitos. Ódio contra o próprio povo e a sua cultura, racismo, homofobia, intolerância de todo tipo.

Vivendo em grupos, tendemos a ter as mesmas opiniões dos que nos cercam. Não sabemos que na casa do outro lado do quarteirão ha um pai de família que ensina aos filhos que
homem tem que andar armado e que bandidos sao todos pretos vagabundos e que não há nada de mal em espancar o mendigo fedido para faze-lo ir embora do bairro... Talvez a mãe de família ensine que ateus e homossexuais são pessoas demoníacas... Entao quando lemos que um pastor nos EUA pretende "fichar ateus" e adolescentes espancam mendigos, ficamos surpresos... Mas opiniões que nos surpreendem talvez apenas demonstrem que não sabiamos o que pensava o nosso vizinho e que tivemos que ler na web..

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Marx, Darwin, relatividade e quântica


Há na “hard science” um desencontro. Talvez os físicos se irritem comigo por explicitar isso de forma tão grosseira, sem usar dos subterfúgios da língua para disfarçar uma discrepância. Mas de qualquer forma não há como negar o fato de que as explicações sobre a “realidade macro cósmica” não sirvam para a “realidade sub atômica”.  Mas é fato tb que funcionem.  Se não funcionassem vc não teria toda essa parafernália de eletrônicos na sua casa e nem GPS entre outras inúmeras coisas. Mas cientista que é cientista não se contenta em ver que as coisas funcionam ou não... Quer ver o pq! Então novas teorias são propostas e principalmente postas a prova. Está aí a teoria das super cordas como candidata a explicação do todo, que unifique a mecânica quântica à relatividade. 

Nas ciências da sociedade, há tb  um desencontro. O entendimento da sociedade como um todo se encontra estabelecido de forma apropriada, a meu ver, pelo materialismo dialético. Não de forma “ossificada” como querem tantos, não invertendo a realidade para que essa se adéqüe ao que imaginam sobre ela. Não, ao contrario, analisando a mesma em seus aspectos reais, se confrontando hipóteses com fatos para que se possa construir teorias adequadas, tal qual fazem os físicos, químicos e biólogos, que não ficam com pregações sobre o que acreditam, antes fazem algo que Marx mesmo propôs: Duvidar de tudo.

Mas vamos à discrepância. Não houve suficiente consideração de Marx sobre outra teoria revolucionária do século XIX, a evolução por seleção natural, o que causa uma limitação do alcance da ação sobre comportamentos e atitudes individuais. Tal como no descrito acima, onde a relatividade não explica o mundo sub atômico, tb o materialismo dialético falha em explicar comportamentos individuais. É urgente que se construa a superação dessa falha, e a seleção natural é possivelmente uma teoria a ser melhor considerada, posto que é objetiva. 

Foi ela quem em todos os aspectos determinou a forma e a função de nosso sistema nervoso. Somos 100% determinados pelo ambiente, mas não apenas o ambiente atual onde vivemos. Não é tudo cultural, nem tudo é aprendido. O ambiente em que viveram nossos antepassados foi determinante para selecionar características inatas que possibilitaram sobrevivência e reprodução deles. Essas características ainda cobram seu legado em nossas ações presentes e ainda pouco sabemos sobre elas e ainda menos as consideramos em nosso planejamento de construção de uma sociedade mais justa. Temos que construir a teoria do todo tb na soft science.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

"Neo"liberalismo, ou a direita se transveste.

Aos jovens nascidos dos anos 80 para cá a direita tem um discurso bem interessante. Conservadores são os da esquerda, dinossauros que pregam teses ultrapassadas do século XIX... Moderno mesmo é liberar geral, sem restrições nem controle sobre a economia e muita festa, e muita música. Moderno mesmo é ser... de direita! 

Ser "liberal" em economia (liberdade ao capital, e não ao trabalho) e se fingir de progressista em costumes é a regra atual. Consideráveis setores da direita se livram do discurso conservador em alguns itens, tais como a homofobia para fazer cena e atrair mentes mais esclarecidas, o que não raramente é uma deficiência em suas fileiras.


Mas é na economia que o disfarce é mais importante. Essa máscara que a direita passou a usar sutilmente nos anos 70 e 80 lhe disfarçou muito bem. Intervenção estatal é coisa da esquerda, dizem os "neo"... Sendo assim, nazismo e ditaduras militares com sua interferência sobre a economia sao... de esquerda! A historia é reescrita. Direita não é a manutenção da ordem. Esquerda não é a construção de uma nova ordem. Não!

Direita e esquerda se definem como intervenção ou não do governo sobre a economia. Keynes é tão esquerdista quanto Marx... Mas para isso é necessário esquecer os ciclos de crescimento e crise inerentes ao capitalismo. É necessário esquecer que dependendo da etapa do desenvolvimento do capitalismo, da-se razão a intervenção estatal ou ao livre mercado, mas tudo tendo em vista a manutenção do próprio sistema, e não sua superação. 

Desencontrada, muito desencontrada essa idéia de que intervenção estatal visando salvar o sistema capitalista de sua anarquia inerente seja obra da esquerda.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

O machismo e a cultura

Há uma falha considerável nas ciências sociais em não considerar o inato na personalidade quando se prontifica a analisar comportamentos individuais e de grupo. O próprio termo inato é visto como algo impróprio a se considerar nessas análises. Pouco, ou mesmo nada, se considera das ultimas descobertas sobre a influência da seleção natural em nosso modo de ser. Nosso sistema nervoso central, como todos os outros nossos sistemas é fruto de um processo evolutivo que premiou os comportamentos que favorecem a reprodução e a sobrevivência. Não considerar isso é “retirar o chão” de qualquer entendimento objetivo.

Grupos “politicamente corretos” que tanto desserviços promovem aos movimentos sociais são notórios por desconsiderar esse fato. É a sociedade que faz tal ou qual coisa com o indivíduo, dizem. A sociedade é culpada pela competitividade, pelo machismo, racismo, sexismo e todos os outros ismos. Nesse mundo em abstrato em que vivem não há responsabilização do indivíduo, ele é apenas um objeto, tal qual uma antiga fita cassete, onde informações são gravadas.

Em um site de relacionamento tive a possibilidade de contra argumentar a seguinte afirmação:

“A repressão influenciou para o anonimato feminino. A produção intelectual masculina é maior por fatores históricos e repressivos. Um passivo social sem tamanho e que aos poucos deve ser igualado com a revolução feminina. Mas penso que nas áreas exatas o cérebro masculino se sobressaia em relação ao feminino. Em contrapartida as mulheres se destacam na linguagem, psicologia, sociologia... Apenas inteligências distintas, o que falta as mulheres é a coragem de impor sua produção e o seu talento perante a sociedade machista que ainda prevalece como resquício de outrora..”

A "repressão". E qual a origem dessa repressão? Ela mesma responde:

 "A produção intelectual masculina é maior por fatores históricos e repressivos. Um passivo social sem tamanho e que aos poucos deve ser igualado com a revolução feminina."

Ou seja, tudo é cultural? Mais adiante ela tenta remediar essa situação e reconhece diferenças entre o cérebro masculino e o feminino. Mas e novamente, qual a origem disso? É a cultura que molda nosso cérebro!? Seleção natural é mito?

E ai vem a finalização nada surpreendente:

"Apenas inteligências distintas, o que falta as mulheres é a coragem de impor sua produção e o seu talento perante a sociedade machista que ainda prevalece como resquício de outrora..."


Pq falta "coragem"? Ou aliás, será certo o uso desse termo? Sociedade machista, sem dúvida, mas originada de qual forma? Por um plano maligno de dominação patriarcal? Ou ao contrario, algo inato e por isso mesmo comum em todas as sociedades independente da cultura?

Não é a cultura que nega o machismo? Temos que aprender a não sermos machistas, enquanto que o "machismo" em geral é a condição natural de nossos parentes evolutivos próximos. Nós temos que deixar de sermos machistas, mas não é justa a afirmação de que nós o inventamos. Ele é próprio de nossos antepassados e o fato de estarmos vencendo-o é motivo para elogios aos homens e não sua condenação.