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segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Escola e ciência

Carl Sagan faz uma critica a escola em seu livro "O mundo assombrado pelos demônios". Ele afirma que as vezes tinha a sorte de ser convidado a dar uma aula em um "jardim de infância". Lá as crianças seriam, segundo ele, interessadas em conhecimento. Já no ensino médio a coisa mudaria de figura, com adolescentes em geral apáticos e sugere que são os métodos empregados no ensino o principal responsável pelo fato.  

Mas a escola ainda é o principal, senão o único lugar onde se tenta manter o "grande público" em contato com formas científicas de conhecimento, e a concorrência é desleal. Não somos cientistas natos, antes nosso pensamento é mágico, acreditamos em bobagens muito mais facilmente do que necessitamos de evidências.

Por mais que se mudem os métodos de ensino, e eles mudaram bastante nas ultimas décadas, o pensamento científico é algo que precisa ser construído com esforço e dedicação, principalmente pelo indivíduo e não somente por quem quer ensiná-lo.  

No vídeo abaixo há a argumentação de que é a escola que "esmaga" o modo de pensar científico que seria inato na criança. Nele Michio Kaku expõe essa noção desencontrada e profundamente lamentável.

http://www.youtube.com/watch?v=fjkVoW4Y3x0

Mas não é assim. Isso é uma forma errada de pensar. Há uma confusão grosseira entre curiosidade e pensamento científico e não consigo entender como um físico do porte de Kaku pode se confundir desse modo. 

Crianças são curiosas e não "científicas". Elas aceitam facilmente explicações irracionais, tolas e sem evidência. Daí o perigo de conviverem apenas com pessoas irracionais, tolas e que não necessitam de evidências...

Há várias falhas no ensino de ciências na escola, mas a divulgação de conhecimento não científico na sociedade bombardeia a criança desde seu nascimento e supre sua curiosidade muito bem.

A questão é, como superar essa influência não científica? Ou ainda mais, como evitar que a não ciência na criança se torne anti ciência no adulto? Ficar jogando pedras na escola com alegações falsas apenas agrava o problema.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Perguntas que me foram feitas


1) Como seria o mundo sem religião?
Duas respostas possíveis. Se por “sem religião” pensarmos que ela nunca tivesse existido, a seleção natural, o processo que nos permitiu evoluir, teria sido totalmente diferente. Temos o pensamento mágico, místico e religioso por que ele foi útil para a vida em sociedade no passado como de certa forma argumenta Carl Sagan.  Mas se entendermos que “sem religião” significa que conseguimos superar essa forma equivocada de pensar, isso me parece alvissareiro.  Não é porque foi útil que significa que ainda o seja e principalmente, nem tudo que é útil é verdadeiro.

2) Se Hitler tivesse nascido na década de 80, teríamos na sociedade atual , espaço para suas idéias e para o Nazismo?
Não. As condições para a ascensão dos regimes de extrema direita nas décadas de 20 e 30 do século passado foram as responsáveis por Hitler, Mussolini, Salazar, Franco e de certa forma Vargas, Peron  e outros do tipo. Todos esses atuaram em uma época em que a burguesia estava com medo da ascensão do movimento comunista e preferiu perder os anéis aos dedos. Indivíduos não fazem grandes transformações sociais por pura vontade do mesmo modo que um pedreiro não constrói uma casa sem o material e o conhecimento.  Nos anos 70 a economia “dirigida pelo Estado” já dava lugar ao “neoliberalismo”, um ciclo que se repete desde o inicio do capitalismo.  

3) Qual a causa da violência dentro de uma sociedade? Porque algumas são mais violentas que as outras?
A agressividade tem componentes inatos que nos permitiram vencer concorrentes no passado e com isso sobreviver e conquistar parceiras para nos reproduzir. E escrevo parceiras mesmo, porque os “politicamente corretos” estão enganados em querer igualar homens e mulheres em tudo. A seleção natural não se deu da mesma maneira entre gêneros diferentes. Homens são mais agressivos exatamente por isso ter sido útil para a sua sobrevivência e reprodução.  Mas essa mesma seleção natural nos dotou (a homens e mulheres) de um fenômeno complexo chamado consciência que nos permite ter grande desenvoltura em “fugir das amarras do inatismo” gerado por esse mesmo processo evolutivo. É um paradoxo incrível. Condições opressivas de vida e falta de perspectiva de evolução social me parecem ser dois elementos que despertam a agressividade inata  individual e coletiva. 

4) Como você avalia a mídia brasileira?Com o que ela contribui atualmente?
A mídia brasileira em geral me parece ser o comum de sociedades que ainda não superaram seu passado aristocrático e autoritário. Grandes grupos econômicos como a Globo e a Editora Abril ainda são as vozes que se impõem. A chegada da “esquerda light” ao poder pode indicar uma melhora nessa realidade, mas ao mesmo tempo me incomoda a bajulação da Rede Record ao governo. A oposição intransigente e mesmo inverídica da Veja não me incomoda mais que a puxação de saco do Paulo Henrique Amorim. 
Luis Nassif me agrada.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Coincidências entre Kennedy e Lincoln

Recebi por email uma lista de supostas coincidências entre Kennedy e Lincoln, ex presidentes norte americanos. Ela está até mesmo na wikipédia e é uma lenda urbana famosa nos EUA há décadas. Mas com a internet, lendas se propagam até mesmo entre países distantes. Há espíritas vendo nessa lenda a confirmação de que ambos são a reencarnação um do outro. A lista de coincidência está aqui:   
http://pt.wikipedia.org/wiki/Coincid%C3%AAncias_entre_Kennedy_e_Lincoln
  
As pessoas vêem o que querem ver, as comparações entre os presidentes são arbitrarias. Muitas outras no mesmo estilo podem ser feitas, como ambos são homens, ambos nasceram nos EUA e por ai vai. É o jeito de escrever que torna fantástico o que não é.

 "Abraham  Lincoln foi eleito para o  Congresso em 1846. 
John F. Kennedy foi eleito para o Congresso em  1946
Abraham Lincoln foi eleito Presidente em 1860.
John F. Kennedy foi eleito Presidente em 1960"


São 100 anos de diferença. Nem coincidência isso é.

 "Ambos se preocupavam muito com, sobretudo, os direitos civis"

Todo político afirma o mesmo nos EUA, do mesmo modo que todo político afirma ser honesto aqui...

 "Ambas as suas esposas perderam crianças enquanto habitavam a casa branca"

Toda grávida pode ter aborto. Pq a primeira dama dos EUA não? E foram só duas? Então até que a saúde nos EUA é boazinha né?

 "Ambos os Presidentes foram assassinados numa sexta-feira.
Ambos os Presidentes levaram um tiro na cabeça."


Pessoas morrem em qualquer dia da semana, na sexta é uma pena, pois se perde o fim de semana! E a cabeça é um bom local para se atirar em alguém para matar. Se ambos tivessem morrido com um tiro no dedão do pé, aí sim seria algo notável! 

E a coisa continua nesse tom. As pessoas que inventaram tudo isso tiveram tempo, prova que nos EUA tb há desocupados :-)

domingo, 25 de setembro de 2011

Cético quanto ao "marxismo"

A psicologia evolucionista e a teoria sobre a seleção natural em geral me fizeram ser um tanto mais cético quanto ao "marxismo".

Posso afirmar com um pequeno orgulho que não fui um "marxista" dogmático, e tive muitos problemas com meus companheiros e camaradas da esquerda.

A seleção natural nunca foi bem digerida por Marx, apesar dele ver nela algo muito interessante.

Mas o outro expoente do "marxismo", Engels, comete erros absurdos quanto a evolução no livro "O papel do trabalho na transformação do macaco em homem" chegando a confundir Darwin com Lamarck.

No livro "A origem da família, da propriedade privada e do Estado" o mesmo autor comete mais algumas mistificações, como afirmar que a sociedade humana era matriarcal antes da invenção da propriedade privada dos meios de produção. Ora, não há evidências disso, ao contrário, entre os primatas em geral a dominação masculina é regra e eles não tem propriedade privada alguma.

A psicologia evolucionista ao meu ver preenche uma lacuna nas ciências sociais. Elas em geral apelam para a idéia de que é a sociedade que cria o indivíduo, como se fôssemos gravadores sem nenhuma base inata de comportamento. 

Sou de esquerda. É uma opção política. Enquanto opção, deve ser vista como uma tentativa de se seguir algo que se crê correto. E para se crer, é necessário evidências, ao menos quando se pretende ser objetivo, científico, com senso crítico...

Há um conflito entre a seleção natural e alguns postulados da esquerda. E há evidências de que a seleção natural esteja certa em alguns casos e a esquerda errada. O que fazer então? Enfiar a cabeça no chão e seguir acreditando no que for mais conveniente?

Isso é reduzir o pensamento de esquerda, que se pretende científico, a dogmas! E dogmas são próprios da religião, não da ciência.

Marx a seu tempo superou muitas idéias erradas sobre a sociedade e principalmente afirmou que a evolução do conhecimento é algo continuo. Ou seja, ele nunca quis ser eterno no que afirmava, por ter contato com a ciência tinha consciência de que suas afirmações seriam superadas dialeticamente. 

"Se fenômeno e essência coincidissem, não seria necessário a ciência."

É pena ver "marxistas" atuais se negando a um exercício necessário de superação de idéias de esquerda superadas pela realidade. Isso é fanatismo. E fanatismo origina seitas, sejam religiosas, políticas ou de que tipo for!

Um pouco mais sobre esse novo campo de conhecimento:
http://cienciaumavelanoescuro.haaan.com/2011/07/psicologia-evolucionista/

domingo, 11 de setembro de 2011

A ciência e sua maneira de agir II

Se Maria tivesse um maior conhecimento científico seria mais tolerante com quem pensa diferente.

O texto é otimista em afirmar que mesmo sem conhecimento científico Maria fez tratamento. Mas poderia não ter feito. Poderia acreditar que só a fé bastaria. E morreria agonizando em uma cama em casa cheia, de pessoas orando em volta...

Se é impossível que nos "comportemos cientificamente" o tempo todo, nós podemos ao menos tentar confrontar nossas crenças com as de outras fontes e sermos mais tolerantes. E aí está algo relativo a data de hoje, o 11 de setembro. 

Religiões são campo fértil para intolerância. Se há um ser superior de absoluta sabedoria me guiando, não terei dúvidas em agir de tal ou qual forma. Não hesitarei em explodir aviões e nem em invadir países.

Mas o pensamento racional, crítico e cético nem sempre acompanha os que praticam ciência. Em um exemplo extremo podemos citar cientistas norte americanos e alemães que nas décadas de 30 e 40, por racismo, uma ideologia não científica, recusavam-se a dar o mesmo tratamento a todos, negando direitos de negros e judeus. 

Mesmo os que convivem com as práticas racionais precisam fazer um esforço para colocá-las "para funcionar" na vida cotidiana, fora do ambiente controlado dos laboratórios. E por vezes, Marias nos surpreendem por atitudes sensatas, como a relatada por um conhecido meu.

Uma mulher em um posto de saúde foi se vacinar contra gripe. O médico homeopata dela era contra, mas ela, sem nenhuma formação científica foi sensata o suficiente para proceder corretamente. A essa e a outras Marias e Josés, minha homenagem!

sábado, 10 de setembro de 2011

A ciência e sua maneira de agir.

Maria se livrou de um câncer. Talvez ela acredite que houve um milagre ou “uma graça”, pois sabe que essa doença é de difícil tratamento e pode matar. Ela dirá às pessoas que a cercam que foi sim um milagre. Essas pessoas acreditarão nela e ficarão felizes. É possível que ela tenha feito algum tratamento contra o câncer, com quimioterapia ou radioterapia, mas por fim vai crer que foi um milagre, pois isso a faz crer que é especial e que alguém lá encima goste dela. Ou talvez que ela creia que foi o pensamento positivo a causa da cura

Se algum de seus conhecidos disser que não houve milagre e sim um tratamento, possivelmente ela ficará triste e mesmo indignada. De qualquer forma, nenhum de seus amigos chegará ao ponto de pedir provas do milagre, pois isso faria com que Maria deixasse de ser sua amiga.

Bem diferente é o procedimento quando se trata de ciência. Se algum pesquisador alegar que descobriu uma forma mais eficaz de tratar algum tipo de câncer, terá que demonstrar. Qual método utilizou? Quais substâncias? Como se realizaram os testes? Em quais condições? E isso só para começar. Depois outros pesquisadores terão que conseguir reproduzir os resultados, pois o que dá certo com um, tem que dar certo com todos se for feito da mesma maneira, não é mesmo?
E não haverá indignação do pesquisador que descobriu um novo tratamento, pois ele sabe que é assim em ciência. Se alguém alega algo, tem que demonstrar.

Muito se diz sobre a falta de formação científica, alguns acreditam que isso é um problema do Brasil, mas não é. Mesmo em países que tem uma enorme produção científica, como os EUA, apenas uma pequena porcentagem das pessoas realmente tem uma noção real de como o conhecimento científico se dá. 
Não é com um cientista isolado em seu laboratório descobrindo coisas que escapam aos comuns dos mortais. Cientistas não são necessariamente mais inteligentes que a media da população. O que os diferencia talvez seja a coragem de tentar comprovar que o que afirmam resista aos testes feitos por outras pessoas.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Nao funciona quando quero

Os fenômenos paranormais, sobrenaturais, milagrosos e afins  curiosamente costumam não ocorrer quando não se acredita neles. 

Quando se crê, maravilha, vemos doentes sendo curados por uma rezadeira ou por água pura. Pessoas prevêem o futuro, descobrem pessoas desaparecidas, objetos se movimentam sozinhos ou pegam fogo por si só...

Mas basta um cético chato aparecer, que pronto, tudo isso cessa! É fantástico... Fantasmas, espíritos, santos, deuses, demônios são incrivelmente tímidos! 

Mas as vezes a pessoa que diz ser portadora de dons paranormais assume a responsabilidade por não conseguir realizá-los sempre. 

-Não funciona assim, não funciona quando eu quero, eu sou só um instrumento... 

Mas que coisa terrível isso não? Impotência sexual é dose para leão, mas impotência paranormal é de matar!!!

Um viagra exotérico, please!!!

sábado, 25 de junho de 2011

As alegações sobre a raridade dos fenômenos paranormais, sobrenaturais e afins...

É uma afirmação recorrente. Fenômenos paranormais e sobrenaturais são raros e devido a isso não são facilmente observáveis.

Ora, conheço fenômenos muito raros também, mas que nem por isso deixam de serem observáveis.

Correr 100 metros em menos de 10 segundos por exemplo. Ou levantar mais de 250 Kg... Ou passar em primeiro lugar em concursos públicos ultra concorridos... Há fenômenos tão raros que são mesmo para um em milhões de pessoas. Não digo sobre a sorte de ganhar em uma loteria por exemplo. Nos exemplos dados, é uma capacidade da pessoa. Um corredor é capaz de manter seu record ao menos por um tempo, não é algo que ocorre apenas uma vez por pura sorte.

A alegação de que a raridade explica a não observação de fenômenos não naturais é uma falácia grosseira.

Para tentar fugir desse fato, os que afirmam serem verdadeiras tais capacidades recorrem a subterfúgios muito divertidos. Segundo eles, os fenômenos paranormais e afins são muito sensíveis e tímidos. Se houver alguém cético observando, eles simplesmente não acontecem. Isso "explica" pq ninguém conseguiu ganhar um certo premio de 1 milhão de dólares oferecido a quem comprovar tais poderes...

Pensemos na seguinte situação: O corredor Usain St. Leo Bol alega que corre 100 metros em 9,58 segundos.
-Ok-dizem os interessados-vamos ver.
E ele se põe a correr. Faz o lamentável tempo de 15 segundos...
-O que aconteceu? Perguntam.
-Sabem como é, tinha alguém cético observando...
Enfim. O atleta não iria longe com sua alegada capacidade de correr sem que o ceticismo o atrapalhe.

Mas quando se trata de telepatia, telecinese, pirocinese, clarevidencia visão remota, capacidade de prever o futuro, comunicação com os mortos e coisas do tipo... Nenhuma evidência real é necessária, apenas sugestões, afirmações vagas, apelos a autoridade, e muita vontade de acreditar...

sábado, 18 de junho de 2011

A evolução das ideias sem fundamento em seitas e religiões

Quando uma pessoa acredita convictamente em coisas cuja existência não tem comprovação alguma de existência, ora, o que temos senão alguém com uma perturbação mental? 

Não escrevo sobre pessoas que lutaram para provar a existência de algo usando métodos rigorosos de análise e experimentação. 

Esses não são os loucos, esses são os antepassados corajosos dos atuais céticos com pensamento crítico que no passado arriscaram até a vida para que o obscurantismo não prevalecesse.  

Uma pessoa que tem fé no que não tem comprovação é tida como louca...

Mas as vezes, por motivos diversos ou nem tanto, ocorre que várias dessas pessoas se unam sob crenças comuns. Essas crenças podem ser vistas pelo resto da sociedade como esdrúxulas, e nesse caso serão perseguidas. Temos aí uma seita. Mas a perseguição será maior ou menor dependendo do nível de tolerância da sociedade e também do nível de estranheza das idéias da seita. E pode ocorrer que esse nível de tolerância e estranheza sejam tais que nem ocorra perseguição. Ou que a perseguição depois de algum tempo pare. De qualquer forma, os que acreditam nas idéias sem comprovação já não são simplesmente "loucos", ou ao menos não são vistos como loucos. 

Por fim, as novas idéias sem comprovação podem deixar de serem vistas como algo estranho. E muito raramente mas de forma muito impactante as novas idéias sem comprovação substituem as antigas idéias sem comprovação. Os adeptos dessas novas idéias podem até mesmo se tornar a elite da antiga sociedade e fundar uma nova. 

Temos aí a criação de uma nova religião.

Escrevo sobre as religiões em geral, mas o esquema básico acima cai como uma luva no judaísmo, no cristianismo e no islã. Idéias sem fundamento substituindo idéias sem fundamento. Isso é evolução? Evolução ocorre com a substituição de idéias sem fundamento por idéias fundamentadas, e isso é ciência.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Padrão cerebral

Em outras ocasiões já deixei transparecer que sou um tanto pessimista em acreditar que o ceticismo e o espírito critico possam superar a credulidade em largas parcelas da população. E isso porque ha mais de um motivo engendrado pela evolução para que por vezes seja melhor para a sobrevivência ser crédulo ou mesmo levemente paranóico do que ser cético.  Há os que culpam a ma formação científica pela dominação da superstição sobre a nossa sociedade, mas isso é acreditar que tudo é aprendido passivamente pelo nosso cérebro. Ora, nosso sistema nervoso central como todos os nossos órgãos foi moldado pela seleção natural. 
Considere este experimento imaginário:

"Você é um hominídeo nas planícies da África, alguns mil anos atrás. Você ouve um barulho na grama. É apenas o vento ou é um predador perigoso?
Se você assumir que é um predador, mas for apenas o vento, você fez o que é chamado de erro tipo I na ciência cognitiva, também conhecido como falso positivo, ou acreditar que algo é real quando não é.
Você conectou A, o farfalhar da grama, a B, um predador perigoso, mas não sofreu nenhum dano com esse erro.
Por outro lado, se você assumir que o barulho na relva é apenas o vento, mas verificar que era na verdade um predador perigoso, você fez um erro do tipo II na cognição, também conhecido como falso negativo, ou acreditar que algo não é real quando é.
Você falhou em conectar A a B, e virou almoço do predador.
O problema é que avaliar a diferença entre um erro tipo I e um erro tipo II é altamente problemático na fração de segundo que muitas vezes determinava a diferença entre a vida e a morte em nossos ambientes primordiais.
Isso fez com que adotássemos como "default" - uma posição padrão - assumir que todos os padrões são reais. Em outras palavras, assumir que todos os ruídos na grama são feitos por predadores.
Assim, houve uma seleção natural para o processo cognitivo de assumir que todos os padrões são reais."
http://diariodasaude.com.br/news.php?article=fim-mundo-esta-gravado-mente-humana&id=6595

Não acredito que seja inútil lutar contra o obscurantismo. Essa é a própria razão da existência desse blog, mas não sejamos ingênuos. Nosso cérebro é condicionado a aceitar padrões como sendo verdadeiros, mesmo que não o sejam. É necessário um esforço muito grande e constante para a sua superação e nem todos estão dispostos a isso.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Big Bang II

Mas a expansão continua. Se o universo era radicalmente diferente na sua origem isso significa que ele será radicalmente diferente no futuro. Será vazio, com tudo enormemente distante de tudo, escuro, frio... Ou ao contrario, voltará a se retrair e tudo novamente estará junto de tudo! Pela quantidade de matéria existente no universo, essa é a hipótese mais provável, a gravidade puxará tudo de volta. Tudo se concentrará aí onde vc esta, e onde estou tb, alias onde tudo está pq tudo será o mesmo.

Em relação a isso, sabe onde começou a expansão? Aí onde vc esta tb... Ela começou em todos os lugares, que eram todos o mesmo. Já se deu conta disso? Mas o que acontecerá quando começar a retração? Nossos descendentes verão as galáxias se aproximarem, e em bilhões de anos, tudo será uno. E talvez o ciclo recomece, com nova expansão e assim consecutivamente. Stan Lee, o mesmo criador do Quarteto Fantástico e do Homem Aranha, criou Galactus, o devorador de mundos. Ele seria um sobrevivente do universo que existiria antes do atual. Esse universo teria se retraiu e depois se expandido originado o nosso.

Qual o sentido, por exemplo, de se perguntar o que havia “antes” do big bang? Se até o tempo surgiu nele, não há como ter um “antes”! Mas talvez não seja assim. Se há o ciclo retração/expansão, então o tempo não se iniciou no big bang. Ele o precede.

Não há sentido tb em se perguntar “para onde” o universo se expande. Ele é tudo que existe, então não há para onde ir, não há nada fora dele, não existe o “fora dele”... Mas se há uma realidade maior que o nosso universo, o que é o nosso universo nessa realidade? No filme Homens de preto, bem no finalzinho, ele é mostrado como sendo uma bolinha que uma criança usa para brincar.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Big Bang

A origem do universo é entendida pelo senso comum como uma explosão, um grande bum! É um termo que “pegou”, mas é inexato. O universo se expande, não explode. Nele, inicialmente tudo estava junto e agora, bilhões de anos depois - de partículas subatômicas até galáxias - tudo está mais separado e tudo continua se expandindo, até as partículas que formam nosso corpo, toda a realidade. Não percebemos isso pq fazemos parte do processo e não temos um referencial externo
Se inflarmos um balão, o vemos inflar pq as outras coisas não inflam na mesmo proporção que ele. Mas quando falamos de expansão de tudo, não temos como comparar, então não a percebemos. Mas a expansão não se da do mesmo modo em todos os lugares do universo. Essas diferenças foram fundamentais para que matéria pudesse se agrupar e formar estrelas. E quanto mais longe as estrelas estão, mais rapidamente elas se afastam. Isso não é aparência, é algo real, pode ser medido pelo efeito Doppler.

A expansão do universo significa a expansão de tudo o que existe? Pelo que sabemos sim, não há nada “fora do universo”. A expansão não se da de um centro para a periferia, ou de dentro para fora... Se da de todos os lugares para todos os lugares.

Confuso? É que essas noções não fazem parte de nossa experiência cotidiana. O universo não é um balão que esta se enchendo de algo. Nele, tudo esta se afastando de tudo. Não existe um centro. Até mesma faltam alguns termos próprios para conceitos tão fora da experiência cotidiana. Na verdade mesmo o termo expansão não é exato, explosão muito menos. E também não tem sentido falar que houve a criação do universo. Nada foi criado, tudo o que forma a matéria e energia atuais já existia no inicio e se transformou na realidade atual. Não existe criação de matéria/energia, não há coisas surgindo do nada, não há “nada”, o que há é transformação. E continuam a se transformar. O primeiro elemento formado no universo foi o hidrogênio, o mais simples (que repito, não surgiu do “nada”, foi formado por partículas mais simples ainda...). Ele forma as estrelas, mas para isso também já havia gravidade. Hidrogênio unido pela gravidade em grandes massas forma estrelas, que por sua vez transformam o hidrogênio em outros elementos.

Todo o hidrogênio que forma nosso mundo, nosso corpo, tudo o que vemos é mais antigo que a mais antiga estrela do universo. Os demais elementos, como o ferro o cálcio e o oxigênio foram formados em alguma estrela da nossa galáxia mesmo, são hidrogênio transformado em outros elementos mais complexos.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Só uma piadinha

Um escritor desses livretos de "auto ajuda" em uma palestra pegou um vidro de maionese vazio e encheu-o com pedras de uns 2cm de diâmetro.

Então perguntou a platéia se o vidro estava cheio.

Eles concordaram que estava (sabem como é, leitor de auto ajuda nao costuma pensar muito). 

Então o sujeito pegou uma caixa com pedregulhos bem pequenos e o jogou dentro do vidro agitando-o levemente. Os pedregulhos rolaram para os espaços entre as pedras.

Ele perguntou novamente se o vidro estava cheio. A platéia concorda: Agora sim, estava cheio. Pegou uma caixa com areia e despejou-a dentro do vidro preenchendo o restante.

- Agora -disse- eu quero que vocês entendam que isto simboliza a sua vida! As pedras são as coisas importantes: Sua família, seus amigos, sua saúde, seus filhos, coisas que preenchem a sua vida e bla bla bla bla bla...

Todos ficaram cheios de admiração pelo sujeito que só diz coisas óbvias e ganha milhares de reais vendendo livros sobre isso!!!!!!!!!!!!!!!!

Então ele continuou:

- Os pedregulhos são as outras coisas que importam, como o seu emprego, sua casa, seu carro bla bla bla.... A areia representa o resto. As coisas pequenas e bla bla bla
Mais uma vez a platéia se espantou com a "sabedoria"(???!!!) do mestre.

E ele concluiu:

- Se vocês colocarem a areia primeiro no vidro, não haverá mais espaço para os pedregulhos e as pedras. O mesmo vale para a sua vida.
Cuidem das pedras primeiro. Das coisas que realmente importam.
Estabeleçam suas prioridades. O resto é só areia e blablabla......

Nessa hora um jovem um pouco mais inteligente pegou o vidro que todos concordaram que estava cheio, e derramou um copo de cerveja dentro.

A areia ficou ensopada com a cerveja preenchendo todos os espaços restantes dentro do vidro, fazendo com que ele desta vez sim ficasse realmente cheio deixando o charlatão do escritor de auto ajuda com cara de besta
E ainda ha moral nessa história: 

Não importa o quanto a sua vida esteja cheia, ao invés de gastar tempo e dinheiro com livros idiotas, vale mais uma cervejinha!!!

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Seleção natural de idéias

A ciência é uma selva onde os cientistas são  os predadores das idéias uns dos outros, sendo esse um dos motivos para que justamente as mais capazes e próximas da realidade sobrevivam. Isso não a livra de fraudes e enganos, apenas a torna a forma de construir conhecimento onde esses fatos são menos comuns.


A quase totalidade das fraudes e enganos da ciência são apontados pelos próprios pesquisadores ao analisarem criticamente os trabalhos uns dos outros. Esse fato não significa que seja a ciência um conhecimento fechado, seus métodos estão a disposição para a analise de toda a sociedade, em especial em suas implicações éticas.


Em outras formas de conhecimento não e comum tal seleção natural. O que ocorre muitas vezes é a imposição de verdades sem nenhum senso critico, apelando-se ate para a crença cega, a fé.


Ao não se renovar criticamente o conhecimento não cientifico se torna conservador ou no outro extremo se torna maleável sem nenhum critério, ou seja, o que é tido como verdadeiro hoje será a verdade sempre, ou então não existe verdade, qualquer coisa pode ser tida como verdade dependendo do ponto de vista...


A primeira concepção é própria do pensamento religioso, já a segunda é mais moderna, oriunda da contra cultura norte americana. Ambas representam duas facetas do irracionalismo. Ambas reagem muitas vezes de forma exasperada a qualquer forma de se criticar sua forma de pensar, temerosos que são de que sua realidade sem fundamento desmorone.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

A ciência é a afirmação do materialismo

No trecho abaixo, Dawkins desbanca séculos de filosofia idealista (em Platão, essencialismo) e mostra como a ciência é a afirmação do materialismo:

"Para Platão, a realidade que pensamos ver são apenas sombras projetadas na parede da nossa caverna pela luz bruxuleante de uma fogueira. Como outros pensadores gregos clássicos, Platão era, no fundo, um geômetra. Cada triângulo traçado na areia é apenas uma sombra imperfeita da verdadeira essência do triângulo."


"As linhas do triângulo essencial são linhas euclidianas puras, que têm comprimento, mas não largura: linhas definidas como infinitamente estreitas e que nunca se encontram quando são paralelas. Os ângulos do triângulo essencial realmente resultam em dois ângulos retos quando somados, e nem um picossegundo de arco a mais ou a menos. Isso não se aplica ao triângulo desenhado na areia; mas este, para Platão, é apenas uma sombra instável do triângulo ideal, essencial."

Ou seja, para Platão e os idealistas, a realidade material é uma sombra da "realidade das idéias", a ciência aponta o contrário, como podemos ver abaixo.

"A biologia, na opinião de Mayr, é estorvada por sua própria versão do essencialismo. O essencialismo biológico trata tapires e coelhos, pangolins e dromedários como se fossem triângulos, losangos, parábolas ou dodecaedros."


"Os coelhos que vemos são apenas pálidas sombras da "ideia" perfeita de um coelho, do coelho platônico ideal, essencial, que paira em alguma parte do espaço conceituai junto com todas as formas perfeitas da geometria. Os coelhos de carne e osso podem variar, mas suas variações sempre devem ser vistas como desvios imperfeitos da essência ideal do coelho."


"Que quadro terrivelmente antievolucionário!"


"O platonismo considera qualquer mudança em coelhos um desarmônico afastamento do coelho essencial, e sempre haverá resistência à mudança, como se os coelhos reais estivessem amarrados por um cordão elástico invisível ao Coelho Essencial lá no Céu. A visão evolucionária da vida é radicalmente oposta. Os descendentes podem afastar-se infinitamente da forma ancestral, e cada afastamento torna-se um potencial ancestral de futuras variantes."
Richard Dawkins - O maior espetáculo da Terra

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Tea Party

Os boatos anti Dilma de 2010 perderam apelo e a candidata foi eleita. O povo brasileiro é mais cético do que geralmente se pensa. Mas nos EUA a paranóia é quase universal. Para os paranóicos Obama é comunista... Os paranóicos lá se organizam... E paranóico organizado da em merda. Aí temos o Tea Party...


"Os republicanos tradicionais se distanciam dela (Sharron Angle, candidata ao senado). Muitos deles querem um governo menor, mas não acabar com todas as políticas sociais, ou com o Departamento de Educação (como a candidata propõe)."


Mas a "paranóia", sendo útil para que os ricos fiquem ainda mais ricos, obviamente recebe apoio deles:


"Os candidatos apoiados pelo Tea Party ganharam força com a ajuda do financiamento vindo de grupos conservadores mais organizados, que gastaram milhões nas campanhas de candidatos como Sharron Angle."


E a história mostra que paranóico sendo financiado por grupos conservadores ricos dá muito mais que merda, não raramente dá genocídio, como na Alemanha nos anos 30.


Trechos entre aspas acima extraídos de:



A direita rosna e morde.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Estranha materia da revista Galileu

"Acupuntura e reiki agora têm explicação científica"


Nada na matéria justifica essa manchete. Só ha indícios que houve mudança na saúde das cobaias, mas nenhuma "explicação" sobre o motivo disso a nao ser alegações sobre “energias misteriosas” e coisas do tipo. Uma nova forma de energia seria algo para um premio nobel, mas ha algo ainda mais interessante.

Um link sob a frase "Saiba mais sobre o trabalho de Ricardo Monezi" aponta para uma dissertação de Ricardo Monezi de Oliveira na USP:


Ora, esse link é de um site espirita, e nao da USP. Muito interessante isso... Mas encontrei uma referencia a essa dissertação no site da USP afinal de contas:

Ricardo Monezzi Julião de Oliveira. Avaliação de efeitos da prática da impostação de mãos sobre os sistemas hematológico e imunológico de camundosgos machos. 2003. 75 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Fisiopatologia Experimental) - Universidade de São Paulo

Orientador: Diana Helena de Benedetto Pozzi.


De qualquer forma esse tipo de coisa serve para desmentir os que alegam que a ciencia nao da atenção a pesquisas sobre paranormalidade e afins.

A revista Galileu, antiga Globo ciencia, da editora Globo, sofreu uma reformulação em fins dos anos 90 que acabou por afetar mesmo sua concorrente, a revista Superinteressante, da editora Abril. Ambas se tornaram bem menos interessantes e menos proximas a Galieu.

sábado, 14 de maio de 2011

Sobre as ciências sociais II


"O conhecimento sobre as ciências naturais não é preciso e isso implica em que seja mutável, a imprecisão ao ser corrigida provoca a mudança. O conhecimento das ciências sociais, ao se subordinar ao desejo ideológico da classe dominante, mais que impreciso, o faz equivocado."
A rigor, não é científica uma teoria, seja sobre a natureza ou a sociedade, cujos pressupostos não se demonstram. É certo que pessoas não são átomos ou cobaias em um laboratório, mas noto que as experiências já existentes sobre as sociedades, suas transformações em um passado remoto ou recente não são levadas totalmente em conta quando se tenta entendê-las.

Há em geral uma “seleção”. Quando os resultados não são o que espero, eu os descarto. Por exemplo, a idéia de que países tais como a Rússia, a China e Cuba já tinham condições objetivas para a construção do socialismo. Até que ponto é válida a teoria leninista do “elo mais fraco do imperialismo“? Não há evidências suficientes para se concluir que essa é uma noção que não se adequou a realidade da época?

Quando uma idéia pré-estabelecida pode ser mantida sem base material? Em ciência a resposta é taxativa: nunca.

Aos sem suficiente formação cientifica poderá parecer um “insulto a Lenin” discordar de seus postulados, pois saibam que o conhecimento científico se dá exatamente por não ter nada como sagrado, inquestionável ou imutável. O próprio materialismo dialético existe enquanto superação das idéias anteriores, e parece que agoraterá que superar suas limitações para continuar válido.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Sobre as ciências sociais


Para ser científico um saber deve ser entre outras coisas comprovado de forma independente por pesquisadores. 

Não basta eu afirmar que em meu laboratório eu consegui transformar chumbo em ouro se outros cientistas não puderem reproduzir resultados usando os mesmos procedimentos, do mesmo modo que não basta eu concluir que o fóssil que analisei seja de um ancestral humano se não houver evidências que apontam nesse caminho. 

Não adianta eu afirmar que tal ou qual idéia, conceito ou hipótese seja científico se não atende aos requisitos para tanto. Mas isso está muito bem para física, química e biologia. Já quando se trata do conjunto das ciências que estudam as sociedades humanas e o ser humano, temos sérias dificuldades a superar. 

“Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito.”
Acima Einstein coloca a questão de forma interessantíssima. O átomo e outras particularidades da matéria, por maiores que sejam seus segredos, se demonstram muito mais dóceis ao nosso estudo do que a complexidade humana e as sociedades que ela integra. 

Nós não sabemos o suficiente sobre nós para agir com um grau tão relevante de eficácia a ponto de construir uma nova sociedade mais justa que a atual. Esse nível de conhecimento será alcançado um dia? Talvez, mas atualmente ainda patinamos. 

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Covardia divina.

"E sucedeu que fugindo eles de diante de Israel, à descida de Bete-Horom, o SENHOR lançou sobre eles, do céu, grandes pedras, até Azeca, e morreram; e foram muitos mais os que morreram das pedras da saraiva do que os que os filhos de Israel mataram à espada."

Josué 10 vers11

Que deus é esse que mata com seu poder quem já estava fugindo? Um deus que mata os inimigos de seu povo já é algo injusto, mas quando esses inimigos estão fugindo, é covardia.

Citem esse trecho às testemunhas de Jeová que baterem à porta nesse fim de semana e peçam esclarecimento...

quarta-feira, 11 de maio de 2011

E as EQM?

As Experiências de Quase Morte (EQMs) são propagadas pelos veículos de comunicação como evidências de "vida após a morte", ou de que a consciência permanece após o sistema nervoso parar de funcionar... O medo da morte faz com esse tema eleve a audiência dos canais de televisão em vários pontos quando é exibido principalemente se de forma sensacionalista.  

Ora, as EQMs  não apontam para  que a consciência permaneça após o fim do sistema nervoso. Não há fim do sistema nervoso nesses casos e ele não para de funcionar. E de qualquer modo não provariam que essa conciência duraria mais que alguns segundos, pois é o que duram as EQMs.

Ao que vemos, há muito mais desinformação do que informação sobre as EQMs até mesmo em veículos tidos como mais sérios na divulgação de informação. É que o mito da vida pós morte eleva a audiencia e o valor da publicidade.

Uma EQM feita de forma controlada e com resultados comprováveis mostraria unicamente que a consciência pode se "desprender" do sistema nervoso e viajar por aí, presenciando acontecimentos em locais longe de onde a pessoa está. Seria um feito fantástico, sem dúvida, mas não provaria nada sobre vida após a morte. A pessoa não está morta, seu sistema nervoso esta intacto e nao haveria indicio algum de que com o fim do sistema nervoso a cosnciência ainda continue a existir.  Se desprender do sistema nervoso não significaria sobreviver ao seu fim.

A consciência é resultado de todo um processo estremamente complexo do nosso sitema nervoso central. Não há fundamento em se crer que há uma "entidade" não detectavel, misteriosa, sobrenatural enfim, que seja a "verdadeira consciência". Não há indicio sério de que ela possa "sair por aí" e nem de que sobreviva após a destruição do sistema nervoso que a gera.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Deus, uma biografia II

Desenvolvendo o raciocínio que esbocei ontem, quando uma crença toma o lugar de outra (por imposição, principalmente por crenças monoteístas), é comum que os deuses da crença anterior sejam "demonizados".
 
No islã temos a transformação de seres místicos anteriores, como os jinn em demônios. Mas é no cristianismo que essa transformação se mostra com mais força em diversas épocas históricas.
 
No Império Romano, ao ser elevado a condição de "religião oficial", o cristianismo acabou com a relativa liberdade religiosa transformando os deuses anteriores em demônios. Estranhamente os deuses clássicos gregos foram poupados desse processo. Não se permitia seu culto obviamente, mas nao foram demonizados, talvez por "respeito intelectual" a cultura grega. Muitas crenças baseadas neles foram "readaptadas para se encaixarem no novo esquema", como a comemoração do solstício do inverno, o natal, e o hábito de se ter um deus (santo) protetor em cada cidade.

Modernamente vemos esse costume intolerante, com força total e sem máscara alguma, com os pentecostais disputando espaço com os cultos afro, transformando seus deuses (orixás) em demônios em cerimônias grotescas a que chamam de "desencapetação". Tudo que não seja o terrivel deus do velho testamento é demoníaco, como se Jeová não fosse suficientemente cruel.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Deus, uma biografia

Matéria de capa da revista Superinteressante, Editora Abril, de novembro de 2010.

"O protagonista da Bíblia nao nasceu pronto: foi moldado à imagem e semelhança dos homens que O criaram".
"Houve um tempo em que Deus era apenas mais um. Disputava a atenção dos fieis com outras divindades e seres mitológicos até mais fortes do que Ele. Mas então veio a bíblia e mudou tudo."

É mostrada a origem do mito de uma forma muito corajosa. Javé nem era o deus principal da mitologia onde se inseria inicialmente e foi elevado à categoria de "deus único". Aliás muito antes de Javé, Aton foi alçado a essa categoria no Egito. E de certa forma Ahura Mazda na Pérsia.

Essa história nem é contada nos livros escolares por exemplo, que mostram os hebreus como monoteístas "desde o início', escondendo a história anterior, da época em que eram politeístas. Os autores de livros didáticos temem a reação dos religiosos ou são eles mesmos mais religiosos que honestos?
Uma leitura atenta do velho testamento nos dá indicações que não se negava a existência de outros deuses por parte dos hebreus. Mas há a afirmação de que Javé é o mais poderoso. Por exemplo os deuses do Egito não conseguiram impedir que Javé matasse nem o filho do próprio faraó.

Mas posteriormente "mais poderoso" passou a ser "único deus verdadeiro". Os outros deuses (principalmente já no período de dominação do cristianismo) foram diminuídos ora a condição de "seres fantasiosos"(os deuses gregos, por exemplo), ora a condição de demônios (como os "concorrentes diretos" de Javé no Oriente próximo)...

O que penso que deva ser ressaltado é que em um período anterior, Javé nao era nem o deus principal. Os antepassados dos hebreus eram tao politeístas como os outros povos antigos. Essa aura mística sobre Javé ser encarado desde o inicio como o unico deus verdadeiro da uma grande força apelativa ao mito. Sendo negada essa aura, o mito perde força. E sem força, o mito pode ser negado mais facilmente pelo estudo das condições reais da história que possibilitaram sua elevação a condição atual. Talvez seja como, ao atacar uma fortaleza, se descobra túneis em seu alicerce.













domingo, 8 de maio de 2011

Intolerância

Estávamos nós há séculos vivendo nossa vida humilde e tranqüila, baseada nos ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Mandávamos para a fogueira quem de nós discordasse pois sendo a sociedade humana obra e graça de Deus, quem discordava de sua organização era obviamente um agente de Satã.

Então, os que pensam diferente começaram a aumentar em número. Por mais que os combatêssemos com condenações ao inferno (e apressássemos sua ida) em maior número ficavam dia a dia.

Por obra do inimigo de Cristo, a Velha Serpente, mudaram a ordem social vigente.

Temos que aceitar agora os que pensam diferente de nós, os que nos contestam, os que não aceitam a verdade inquestionável e eterna, os que exigem evidências, vejam só!


Agora vivemos sob sua intolerância.


Para os que acusam os céticos e ateus de intolerância, um pouquinho de ironia
.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Intenções, obediência e deuses

Acredito ser possível apontar duas características inatas frutos da evolução que foram importantes para a sobrevivência de nossa espécie no passado e que agora acabam por induzir a crença religiosa.

A necessidade de se seguir líderes.
Evoluímos vivendo  em bandos cercados de predadores. "Céticos" quanto à necessidade de liderança não tinham muita chance de sobreviver e deixar descendentes. Afinal de contas líderes experientes realmente representavam um importante fator de sobrevivência ao guiar o bando por locais seguros e planejar como conseguir alimento. Mas ao termos uma evolução sem precedentes em nossa consciência, acabamos por idealizar essa necessidade em seres  sobre-humanos que tudo sabem e tudo podem, que protegem e punem. Essa idéia permeia a crítica a religiosidade em Carl Sagan e é delineada em sua obra Sombras de Antepassados Esquecidos. Uma variante dela é apresentada por Richard Dawkins em Deus um Delírio. Segundo o autor inglês nossa crença em seres superiores se deve a necessidade da criança em ser guiada e ser protegida contra perigos. Numa perspectiva pessimista, a seleção natural favoreceu os que tem menor capacidade crítica e menos espírito cético.

A capacidade de detectar intenções
A capacidade de detectar intenções é importante para a sobrevivência de vários animais, fugindo ao antecipar as ações de predadores e, em caso de animais sociais, colaborando ao identificar alguma prática benéfica ao bando. Nossa consciência, uma novidade em termos evolutivos, passou a identificar "intenções" onde ela não existe. A intenção da chuva, a intenção dos astros, a intenção dos espíritos... Nos tornamos ao menos levemente paranóicos e passamos a imaginar que tudo ocorre com uma intenção, pela vontade de uma inteligência ou por um segredo insondável...

O deus do monoteísmo reúne essas características ao extremo. É um líder absoluto ao qual devemos saber quais as intenções, pois disso depende nossa vida, nesse e no outro mundo.

Mas a mesma evolução que resultou nessas "falhas de projeto" da consciência (só para ironizar um pouco) também possibilita que através dessa mesma consciência superemos esses mitos. O pensamento racional, a necessidade de evidências, o sucesso do conhecimento científico em desvendar a realidade parecem apontar nesse caminho.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Sobre cientistas e seus métodos II

Obviamente não uso de formalidade nesse texto. As imagens simplificadas que uso dos cientistas visam apenas o aspecto didático. Ressalto que há diferenças “psicológicas” entre os cientistas, como se da em toda atividade humana, como não poderia deixar de ser, sendo todos nós organismos conscientes e individuais. Penso que uma grande parte dos pesquisadores corresponde um pouco a mais a imagem dos “empolgados”. 

De forma geral quem procura o caminho da ciência é um curioso nato, mas tem uma boa base de ceticismo para entender que é necessário se comprovar esse conhecimento, e essa é uma tarefa quase sempre árdua. Pessoas curiosas com menor ceticismo não raramente se tornam místicas. Acreditam em toda sorte de coisas sem a chata necessidade de se comprovar coisa alguma. A fé lhes é suficiente. Cristais, florais, homeopatia, cabala, tarô, quiromancia, operações espirituais, leitura da sorte e toda uma gama de suposições sem comprovação são aceitas pela pura vontade de acreditar. 

Essas pessoas muitas vezes se sentem oprimidas pela ciência ou simplesmente a desconsideram. Todos usam dos benefícios da ciência na medicina, na tecnologia e outras áreas, mas não se atêm ao fato. Afirmam que a ciência nega arrogantemente outras formas de conhecimento, não sabem que a ciência evoluiu negando até mesmo sua forma de conhecimento! 

Como já vimos, os cientistas não se contentam com verdades estabelecidas, querem ampliá-las sendo as vezes necessário nega-las. Ora, se negam até mesmo as verdades próprias, pq não negariam as verdades de outras áreas? Que medo de critica é esse? Se há crianças empolgadas na ciência e adultos ponderados, a mim parece que de forma geral no misticismo temos crianças medrososas temendo sair da casa da mamãe! 

“Escrevo sobre os “líderes místicos”. São eles os interessados em que a ciência não negue suas alegações. Às pessoas que ingenuamente acreditam nesses líderes, ao contrario, interessa e muito que suas verdades sejam analisadas para que se confirmem ou não. 
 
Mas há ainda outro setor na ciência. Além de empolgados e moderados, há os céticos empedernidos. Esses minoritários conservadores  têm certa margem de responsabilidade pelo estereótipo do cientista insensível aos novos conhecimentos (do mesmo modo que os empolgados tem pelo estereótipo do “cientista louco”) mas representam algumas vezes a última barreira  contra alegações falsas feitas de forma aparentemente bem fundamentada.  

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Sobre cientistas e seus métodos.



Não tenho por objetivo aqui me prolongar sobre a metodologia científica formal, a que pode ser esquematizada de varias formas.
Minha intenção é ver como se da a forma de pensar de alguns pesquisadores ao se debruçar sobre o objeto de investigação a que se propõem e mesmo como se interessam ou não por esse estudo. Alguns são verdadeiras crianças deslumbradas com um brinquedo novo, acreditam que novos conhecimentos podem ser construídos a partir do estudo e só o apego ao já citado método cientifico impede que fiquem “livres demais “ em suas suposições.

Esses são importantíssimos para que a ciência não se “ossifique”, não se torne estéril, auto-suficiente. Eles negam o estereótipo da comunidade cientifica cética em absoluto, pronta para ridicularizar qualquer novo conhecimento que contrarie suas “verdades inquestionáveis”. Negam o mito de que a ciência é uma nova religião, cheia de dogmas. Mas alguns se sentem presos pelo rigor do método cientifico. Desses alguns deixam a ciência. Aventuram-se por outros caminhos, alguns com maior distancia, outros nem tanto. Alguns com boas intenções, outros com certeza não. A necessidade de comprovação, o rigor das observações e em especial a necessidade de que resultados de experimentações sejam passíveis de serem reproduzíveis por outros pesquisadores são impedimentos para fraudes, mas para alguns espíritos mais livres, são também impedimentos para maior liberdade de pesquisa.

É necessário ponderação e bom senso, aí estão os “adultos” da ciência. Não me refiro à idade, e sim a maneira de pensar, pois se pesquisadores empolgados tem o viço juvenil, pesquisadores ponderados tem o bom senso próprio (ou que deveria ser próprio) da idade adulta. Eles representam uma barreira “mais humana” que o método cientifico para alegações sem base feitas pelas crianças empolgadas da ciência. Dão orientações e corrigem erros, mas não são céticos ao extremo, que negam a priori toda evolução do conhecimento que coloque em xeque conhecimentos tidos como verdadeiros no passado.

A evolução do conhecimento se da na maioria das vezes por ampliação, mas há momentos em que há mesmo negação de saberes tidos antes como corretos. Essa coragem de negar o que já não pode ser mais considerado real é um diferencial importante da ciência. Nada de revelações divinas, nada de conhecimentos vindos de um imaginário “outro mundo”, nada de apelo a autoridade.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Só o que é natural é benéfico?

Plantas, microorganismos e mesmo alguns animais são verdadeiros laboratórios de produção de substâncias químicas. Algumas delas causam vários efeitos em nosso organismo. Isso já é um diferencial da medicina natural em relação à homeopatia, florais, simpatias e afins.
Como exemplos temos a penicilina originada de um fungo, a aspirina, extraída da casca do Salgueiro e o captopril derivado do veneno da jararaca. Na verdade a maioria das substancias usadas na produção de medicamentos tem essa origem natural. Então qual a diferença de se tomar um chá ou tomar uma pílula?

Na natureza, as substâncias com propriedades curativas estão diluídas e muitas vezes unidas a substancias nocivas. São raros os vegetais, animais e microorganismos que tem a substância "pronta para uso". Um chá de erva cidreira relaxa, mas um chá de casca de salgueiro tem potencial tóxico considerável. Nossos antepassados, por milhares de anos selecionaram plantas com potencial benéfico, fizeram cruzamentos para aperfeiçoar esse potencial e isso já é um artifício para se dominar a natureza, modificando-a e a usando em nosso próprio beneficio.

Modernamente é a farmacologia que isola essas substâncias naturais, estuda sua ação, analisa potenciais efeitos tóxicos e colaterais e sua medida exata para o uso... Então não vejo sentido nesse preconceito contra produtos artificiais, pois se trata da mesma substancia agora analisada e dosada. Parece haver um culto a natureza, uma verdadeira crença que tudo o que é natural é mágico, bom e não tem efeito colateral... Existem venenos naturais e outras substâncias nocivas naturais. Por mais naturalista que seja uma pessoa, penso que ela vai preferir tomar uma pílula de captopril a uma picada de jararaca para tratar se sua hipertensão. E essa crença na magia da natureza é tão forte, que mesmo técnicas que nada tem de naturais, como a homeopatia, acabam ganhado esse status, mais uma enganação. E a “maconha”, por ser natural, encontra vários defensores de seu uso.

Legalize já, legalize já
Porque uma erva natural não pode te prejudicar”
Planet Hemp

Tabaco, outra “erva natural” parece negar isso.

Ainda sobre natural e artificial podemos retomar um assunto que abordei acima.
Muitas plantas e microorganismos que continham alguma substância benéfica acabaram sendo vitimas de seleção artificial em milênios de uso. Então não ha muito sentido em se dizer que sejam naturais. Talvez uma comparação com flores seja mais esclarecedora.
Ao se visitar um jardim, ficamos muitas vezes encantados com a "natureza", como a natureza foi capaz de criar flores tão lindas, folhas tão exóticas e tudo o mais? Se pudéssemos voltar alguns milênios no tempo e víssemos como eram os antepassados dessas plantas nos decepcionaríamos sobre a capacidade da natureza em produzir beleza. Foi a ação humana, ao selecionar cores e formas pretendidas em cruzamentos que moldou rosas e orquídeas, tulipas e gerânios crisântemos e miosótis, do mesmo modo que plantas medicinais modernas foram selecionadas para disporem das substancias pretendidas.

No outro estremo temos os produtos artificiais que prometem milagres... Em qualquer farmácia você pode observar a existência de “suplementos alimentares” que prometem entre outras coisas o aumento da massa muscular quase sem esforço físico, o que é um absurdo. Trata-se de proteína, e proteína em excesso e sem esforço físico vai é engordar, e não tornar musculoso quem a consome, além de potencialmente causar problemas futuros nos rins. Remédios para emagrecer “que não causam efeitos colaterais”, complexos vitamínicos que “tratam de stress” e coisas do tipo são exemplos de que há todo um interesse comercial em se iludir a boa fé do povo.