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sexta-feira, 29 de julho de 2016

A publicidade comercial

Abaixo discorro sobre manipulação das massas tendo em vista convence-las a adquirir produtos, consumir em demasia ou sem necessidade real, ou ludibria-las sobre características dos produtos, tal como apresentar como saudáveis ou como remédios produtos que não são. Mas antes devo acrescentar que não há "bala magica que nunca erra o alvo". A publicidade comercial só é realmente eficaz quando: 

1-atinge e seduz as partes profundas e inatas de nossa natureza de predadores e protetores dos grupos que fazemos parte e;

2-encontra uma população sem um senso critico desenvolvido, sem instrução cientifica e cética.


Algumas pessoas são verdadeiramente fãs do talento dos publicitários em produzir propagandas comerciais, elevando seu trabalho ao nível da arte. 

Seria arte nos convencer de que precisamos de algo? E que esse algo tem que ser da marca tal? Ou que se não tivermos algo não seremos “bem vistos”, amados, elegantes, saudáveis, bons filhos e filhas, bons maridos e esposas, bons pais e mães, não estaremos na moda, não saberemos como nos portar socialmente... 

Não seremos felizes, não nos divertiremos, não mataremos nossa sede e nem nossa fome, não seremos amados, não seremos aceitos. 

Seremos gordos demais, magros demais, mal vestidos, não saudáveis, não saberemos educar nossos filhos, nem como cuidar de nossos idosos. 

Não saberemos nem como pensar se não corrermos agora mesmo ao shopping e adquirirmos o tal do produto que pode ser qualquer coisa que venha numa embalagem vistosa exposta em uma vitrine bem ilumina cuja propaganda vimos na revista ou na TV, ou mesmo na web... 

É a arte de vincular cigarro a uma vida saudável até que as mortes por câncer ficaram evidentes demais fazendo que a sociedade se tornasse um pouco mais crítica quanto a esse abuso e reivindicasse mudanças na legislação que trata da publicidade. 

E as cervejas cuja propaganda invade nossas casas no verão? No inverno são os “antigripais”. Morte no trânsito e remédios ineficazes. 

Homens se deixam seduzir por apelos ao poder, com o carrão simbolo de status. Mulheres por produtos ligados a beleza e aos cuidados com a família. Ao contrario do que imaginam os pós modernos isso não é apenas um padrão imposto pela sociedade e sim uma tendencia própria de nossa espécie como são tantas outras que bem manipuladas nos convencem muito mais do que as que os apelos apenas ao que é aprendido. 

Propagandas abusivas, apelativas, fraudulentas, de má fé são relativamente restringias pelo Conselho Nacional de Auto-regulamentação Publicitária (Conar). 

Nos anos 90, com a abertura da economia, o Brasil foi inundado por produtos importados. Suas as propagandas ficaram famosas pelo formato apelativo e de mal gosto, abusando da boa fé do consumidor. "Facas Ginsu (que cortariam até cano de metal sem perder o fio) e meia-calça Vivarina” (que não rasgariam nem com um garfo sendo passado nelas) ainda hoje são lembradas jocosamente como produtos duvidosos com propaganda ridiculamente abusiva. 

Não faço aqui uma crítica restrita a esse tipo trágico de propaganda. A crítica é a própria essência da publicidade comercial. Não se trata de demonstração das qualidades do produto a ser vendido e sim de "convencimento de que aquele produto, e só aquele, satisfaz as necessidades de quem o consome", sendo que não raro isso é falso duplamente. Não há necessidade real do produto e nem apenas aquele é eficaz quanto ao que se propõe, ou ainda pior, não é eficaz.... Nesse sentido foi uma ótima iniciativa a regulamentação sobre os remédios genéricos. 

A população ciente de que são as substancias dos remédios e não sua marca comercial que tratam as doenças fica livre para optar pelo mais em conta. 

A publicidade é útil também para se analisar o teor ideológico do meio de comunicação em questão. Revistas e jornais de informação elitistas anunciam produtos sofisticados. As empresas que os produzem e pagam pela publicidade não tem interesse que informações que interfiram negativamente em seus negócios sejam veiculadas, ficando assim a informação limitada por interesses econômicos. Esse fenômeno atinge tb as redes de televisão e sites ligados a grandes grupos economicos é obvio. 

A rigor, toda a chamada “grande mídia” tem muito mais compromisso com os grandes grupos econômicos do que com a população em geral. Quando o MST invadiu uma fazenda grilada pela Cutrale no interior paulista em 2009, tivemos uma evidencia contundente disso. A grande empresa pode usufruir das terras invadidas livremente, já o movimento popular não... A mídia, em especial a revista Veja e a Rede Globo de Televisão agiram agressivamente em nome dos interesses não do povo obviamente e sim do poder econômico com informações tendenciosas. 

O publico alvo da publicidade é outro dado interessante. As crianças e adolescentes são facilmente levadas ao consumismo. Quanto mais consumista é uma sociedade, mais infantilizada, ou “adolescentizada” ela se apresenta. Aliás, a “adolescência” tal como a concebemos hoje foi inventada no século passado, exatamente na mais consumista sociedade já existente em toda a História, os EUA. Ser criança, jovem e depois adulto faz parte do desenvolvimento biológico, obviamente, mas o padrão moderno se impõe com essa infantilização tola do jovem e mesmo do adulto, é isso o que se tornou a adolescência nas sociedades consumistas. 

Observe a disposição dos produtos em um supermercado. O que é realmente necessário fica em lugares de pouco destaque, mas futilidades ficam bem a vista, na fila do caixa ao alcance dos olhos e das mãos de crianças, jovens e adultos infantilizados. No shopping, os corredores são mais escuros e as vitrinas bem iluminadas, lojas populares ficam próximas das entradas, ao centro ficam as mais elitistas. Roupas femininas são em numero muito maior e com mais destaque que as masculinas nas grandes lojas. Já aparelhos de som potentes são destaque para homens. A publicidade se soma a essas e muitas outras iniciativas para elevar o consumo pela sociedade. 

Ainda sobre o público alvo, publicações que apelam para o misticismo, estética e auto-ajuda, são em maioria destinadas ao publico feminino, com dicas fantasiosas de produtos “milagrosos” para emagrecer, tirar estrias, celulite, além de abusar do uso de fotos retocadas para criar corpos irreais que seriam resultado do uso de tais produtos... Já produtos ligados a virilidade e força se voltam ao masculino com enormes frascos com proteína e promessas de músculos hipertrofiados...

Amuletos, medalhinhas benzidas, imagens sagradas e outros objetos supostamente com ação cientifica, como as pulseiras power balance completam o verdadeiro abuso implícito que permeia a publicidade voltada para pessoas com pouco senso critico e ceticismo, prometendo paz, amor, juventude e beleza eternos nessa e na "outra vida".... 

Definitivamente pessoas céticas como público alvo não são o que desejam os publicitários.