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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Coincidências entre Kennedy e Lincoln

Recebi por email uma lista de supostas coincidências entre Kennedy e Lincoln, ex presidentes norte americanos. Ela está até mesmo na wikipédia e é uma lenda urbana famosa nos EUA há décadas. Mas com a internet, lendas se propagam até mesmo entre países distantes. Há espíritas vendo nessa lenda a confirmação de que ambos são a reencarnação um do outro. A lista de coincidência está aqui:   
http://pt.wikipedia.org/wiki/Coincid%C3%AAncias_entre_Kennedy_e_Lincoln
  
As pessoas vêem o que querem ver, as comparações entre os presidentes são arbitrarias. Muitas outras no mesmo estilo podem ser feitas, como ambos são homens, ambos nasceram nos EUA e por ai vai. É o jeito de escrever que torna fantástico o que não é.

 "Abraham  Lincoln foi eleito para o  Congresso em 1846. 
John F. Kennedy foi eleito para o Congresso em  1946
Abraham Lincoln foi eleito Presidente em 1860.
John F. Kennedy foi eleito Presidente em 1960"


São 100 anos de diferença. Nem coincidência isso é.

 "Ambos se preocupavam muito com, sobretudo, os direitos civis"

Todo político afirma o mesmo nos EUA, do mesmo modo que todo político afirma ser honesto aqui...

 "Ambas as suas esposas perderam crianças enquanto habitavam a casa branca"

Toda grávida pode ter aborto. Pq a primeira dama dos EUA não? E foram só duas? Então até que a saúde nos EUA é boazinha né?

 "Ambos os Presidentes foram assassinados numa sexta-feira.
Ambos os Presidentes levaram um tiro na cabeça."


Pessoas morrem em qualquer dia da semana, na sexta é uma pena, pois se perde o fim de semana! E a cabeça é um bom local para se atirar em alguém para matar. Se ambos tivessem morrido com um tiro no dedão do pé, aí sim seria algo notável! 

E a coisa continua nesse tom. As pessoas que inventaram tudo isso tiveram tempo, prova que nos EUA tb há desocupados :-)

domingo, 25 de setembro de 2011

Cético quanto ao "marxismo"

A psicologia evolucionista e a teoria sobre a seleção natural em geral me fizeram ser um tanto mais cético quanto ao "marxismo".

Posso afirmar com um pequeno orgulho que não fui um "marxista" dogmático, e tive muitos problemas com meus companheiros e camaradas da esquerda.

A seleção natural nunca foi bem digerida por Marx, apesar dele ver nela algo muito interessante.

Mas o outro expoente do "marxismo", Engels, comete erros absurdos quanto a evolução no livro "O papel do trabalho na transformação do macaco em homem" chegando a confundir Darwin com Lamarck.

No livro "A origem da família, da propriedade privada e do Estado" o mesmo autor comete mais algumas mistificações, como afirmar que a sociedade humana era matriarcal antes da invenção da propriedade privada dos meios de produção. Ora, não há evidências disso, ao contrário, entre os primatas em geral a dominação masculina é regra e eles não tem propriedade privada alguma.

A psicologia evolucionista ao meu ver preenche uma lacuna nas ciências sociais. Elas em geral apelam para a idéia de que é a sociedade que cria o indivíduo, como se fôssemos gravadores sem nenhuma base inata de comportamento. 

Sou de esquerda. É uma opção política. Enquanto opção, deve ser vista como uma tentativa de se seguir algo que se crê correto. E para se crer, é necessário evidências, ao menos quando se pretende ser objetivo, científico, com senso crítico...

Há um conflito entre a seleção natural e alguns postulados da esquerda. E há evidências de que a seleção natural esteja certa em alguns casos e a esquerda errada. O que fazer então? Enfiar a cabeça no chão e seguir acreditando no que for mais conveniente?

Isso é reduzir o pensamento de esquerda, que se pretende científico, a dogmas! E dogmas são próprios da religião, não da ciência.

Marx a seu tempo superou muitas idéias erradas sobre a sociedade e principalmente afirmou que a evolução do conhecimento é algo continuo. Ou seja, ele nunca quis ser eterno no que afirmava, por ter contato com a ciência tinha consciência de que suas afirmações seriam superadas dialeticamente. 

"Se fenômeno e essência coincidissem, não seria necessário a ciência."

É pena ver "marxistas" atuais se negando a um exercício necessário de superação de idéias de esquerda superadas pela realidade. Isso é fanatismo. E fanatismo origina seitas, sejam religiosas, políticas ou de que tipo for!

Um pouco mais sobre esse novo campo de conhecimento:
http://cienciaumavelanoescuro.haaan.com/2011/07/psicologia-evolucionista/

domingo, 11 de setembro de 2011

A ciência e sua maneira de agir II

Se Maria tivesse um maior conhecimento científico seria mais tolerante com quem pensa diferente.

O texto é otimista em afirmar que mesmo sem conhecimento científico Maria fez tratamento. Mas poderia não ter feito. Poderia acreditar que só a fé bastaria. E morreria agonizando em uma cama em casa cheia, de pessoas orando em volta...

Se é impossível que nos "comportemos cientificamente" o tempo todo, nós podemos ao menos tentar confrontar nossas crenças com as de outras fontes e sermos mais tolerantes. E aí está algo relativo a data de hoje, o 11 de setembro. 

Religiões são campo fértil para intolerância. Se há um ser superior de absoluta sabedoria me guiando, não terei dúvidas em agir de tal ou qual forma. Não hesitarei em explodir aviões e nem em invadir países.

Mas o pensamento racional, crítico e cético nem sempre acompanha os que praticam ciência. Em um exemplo extremo podemos citar cientistas norte americanos e alemães que nas décadas de 30 e 40, por racismo, uma ideologia não científica, recusavam-se a dar o mesmo tratamento a todos, negando direitos de negros e judeus. 

Mesmo os que convivem com as práticas racionais precisam fazer um esforço para colocá-las "para funcionar" na vida cotidiana, fora do ambiente controlado dos laboratórios. E por vezes, Marias nos surpreendem por atitudes sensatas, como a relatada por um conhecido meu.

Uma mulher em um posto de saúde foi se vacinar contra gripe. O médico homeopata dela era contra, mas ela, sem nenhuma formação científica foi sensata o suficiente para proceder corretamente. A essa e a outras Marias e Josés, minha homenagem!

sábado, 10 de setembro de 2011

A ciência e sua maneira de agir.

Maria se livrou de um câncer. Talvez ela acredite que houve um milagre ou “uma graça”, pois sabe que essa doença é de difícil tratamento e pode matar. Ela dirá às pessoas que a cercam que foi sim um milagre. Essas pessoas acreditarão nela e ficarão felizes. É possível que ela tenha feito algum tratamento contra o câncer, com quimioterapia ou radioterapia, mas por fim vai crer que foi um milagre, pois isso a faz crer que é especial e que alguém lá encima goste dela. Ou talvez que ela creia que foi o pensamento positivo a causa da cura

Se algum de seus conhecidos disser que não houve milagre e sim um tratamento, possivelmente ela ficará triste e mesmo indignada. De qualquer forma, nenhum de seus amigos chegará ao ponto de pedir provas do milagre, pois isso faria com que Maria deixasse de ser sua amiga.

Bem diferente é o procedimento quando se trata de ciência. Se algum pesquisador alegar que descobriu uma forma mais eficaz de tratar algum tipo de câncer, terá que demonstrar. Qual método utilizou? Quais substâncias? Como se realizaram os testes? Em quais condições? E isso só para começar. Depois outros pesquisadores terão que conseguir reproduzir os resultados, pois o que dá certo com um, tem que dar certo com todos se for feito da mesma maneira, não é mesmo?
E não haverá indignação do pesquisador que descobriu um novo tratamento, pois ele sabe que é assim em ciência. Se alguém alega algo, tem que demonstrar.

Muito se diz sobre a falta de formação científica, alguns acreditam que isso é um problema do Brasil, mas não é. Mesmo em países que tem uma enorme produção científica, como os EUA, apenas uma pequena porcentagem das pessoas realmente tem uma noção real de como o conhecimento científico se dá. 
Não é com um cientista isolado em seu laboratório descobrindo coisas que escapam aos comuns dos mortais. Cientistas não são necessariamente mais inteligentes que a media da população. O que os diferencia talvez seja a coragem de tentar comprovar que o que afirmam resista aos testes feitos por outras pessoas.