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domingo, 16 de setembro de 2012

Ceticismo e politica

Graças a minha "militância cética" feita na web tenho amigos céticos de tipos diferentes. 

Tenho amigos que são céticos em maior ou menor grau e tb em diferentes áreas do conhecimento... Mas é na política que o ceticismo encontra alguns de seus percalços mais difíceis de superar.

O fato de existirem céticos que se alinhem a esquerda como Carl Sagan e a direita como Michael Shermer mostra o grau de dificuldade em sermos objetivos em algo tao importante para determinarmos os rumos de nossa sociedade. 

Entre os céticos de direita o "libertarianismo" talvez seja a ideologia com maior apelo. 

Libertarianismo é apropriadamente identificado com anarquismo em vários países, mas nos EUA é confundido com o liberalismo econômico e em graus variados com a utopia de se identificar liberdade do capital com a liberdade do individuo. 

Em geral se baseia em autores que simplesmente invertem algumas afirmações da teoria econômica clássica reduzindo a economia a um festival de subjetividade irritante. 

Por exemplo decretam a inexistência da luta de classes e colocam no lugar a contradição Estado/sociedade sem se ater ao fato de que a existência de classes sociais em disputa pelo poder (Estado) é um dado objetivo. E no mais sua pregação quase religiosa contra o "marxismo" os impedem de refletir sobre o fato da luta de classes não ser uma "invenção" de Marx e sim uma constatação de Adam Smith.

Mas o que me causa apreensão mesmo é ver em setores da esquerda a "recusa ao racional", com o pós modernismo a frente e tb o culto a personalidades e a partidos. 

São tendencias muito intimas e mesmo inatas ao ser humano, mas que podem ser superadas por um esforço consciente. 

O próprio surgimento da esquerda se dá com esse esforço de superação das tendencias naturais humanas a um novo modo de pensar e agir, então me parece um paradoxo muito grande que setores dessa mesma esquerda sejam palco pra o irracionalismo.  

O já citado pós modernismo é a tendencia de esquerda mais adversa ao racional. Decreta que não exite verdade objetiva, tudo depende do ponto de vista da sociedade que faz a afirmação. Isso implica que uma sociedade dominante impõe as "suas verdades" as sociedades dominadas em todas as áreas do conhecimento. 

Ora, isso pode ser e de fato é corriqueiro em ciências humanas, em especial a Historia, onde a "verdade" divulgada raramente é a "verdade do perdedor". 

Mas nas ciências da natureza, isso não tem sentido algum. 

Não existe uma teoria da gravitação dominante e uma dominada. Um avião em voo cujo motor pare vai cair, seja ele norte americano, árabe ou chines. E de qualquer modo existe sim verdade objetiva, seja nas ciências humanas, seja nas naturais, o que as diferencia é a dificuldade se se chegar a ela. O pós modernismo não tem sentido onde quer que seja aplicado.

O culto a personalidades e partidos  tb é preocupante na esquerda. Raramente se faz uma analise objetiva da atuação das agremiações partidárias e de suas lideranças e de toda a militância. O curioso é que vários partidos de esquerda tem previsto em seus estatutos a "auto critica" que visa exatamente essa analise, mas que tende a cair no vazio o que parece confirmar que nosso comportamento inato de negar nossas falhas prevalece em grau maior do que admitimos.

Como subproduto da recusa ao racional da esquerda temos o "politicamente correto". Essa tendencia inventada nos EUA não visa atacar as causas dos problemas sociais e sim criar medidas superficiais para contorná-los. 

Nada do que é humano me é estranho teria dito um poeta romano. Pois bem, somos todos fruto da seleção natural, temos a mesma base genética inata, mas sobre ela construímos variações comportamentais de enorme amplitude. No intimo, independente de crenças politicas ou religiosas, todos estamos em luta contra nossa natureza tentando alcançar uma maior compreensão de nós e da realidade que nos é externa e para isso o ceticismo é imprescindível