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sábado, 21 de janeiro de 2012

Dimensões extras e supercordas


É relativamente fácil entender que o nosso universo tem três dimensões de espaço. Todos os objetos que vemos se apresentam com no máximo três delas: altura, largura e profundidade.  Existe uma quarta dimensão em nosso universo. O tempo. Então podemos afirmar que existem quatro dimensões espaço temporais. A existência de mais de quatro dimensões é no que acreditam os teóricos das supercordas.

O tema das dimensões extras se liga a possibilidade da existência de “universos paralelos” tanto que os conceitos são confundidos na ficção científica. Quando criança ouvi mais de uma vez em filmes antigos afirmações do tipo, “ele foi enviado para a 4° dimensão”. Na verdade o personagem foi enviado a um outro universo com possivelmente 4 dimensões de espaço. Se considerarmos que esse outro universo tenha também uma dimensão de tempo, então seriam 5 dimensões no total…

Mas talvez não seja necessária a existência de outros universos, um modelo físico já citado, a Teoria das Supercordas, postula que talvez o nosso próprio universo tenha outras dimensões, mas essas dimensões podem estar enroladas, diminuídas, impossíveis de serem detectadas  por seres grandes como nós.

Talvez essas dimensões não tenham se expandido com o big bang e só sejam acessíveis à partículas absurdamente pequenas, as “cordas”, que seriam as verdadeiras formadoras de tudo. Essas cordas teriam uma única dimensão e vibrariam em talvez mais de dez dimensões. A realidade, tudo que existe, a matéria e a energia, são a musica produzida por elas!

Talvez seja estranho admitir uma corda com apenas uma dimensão, mas se considerarmos as partículas subatômicas como pontos e não como cordas, teremos que admitir que não tem dimensão alguma!

É comum que teorias, hipóteses e suposições físicas sejam distorcidas e utilizadas pelo misticismo. O tema das dimensões extras é usado para justificar a suposta existência de um “plano espiritual” por exemplo. Mas as especulações científicas podem ser muito mais interessantes que as fantasias pouco imaginativas do misticismo.

E se houver uma 4° dimensão “em tamanho grande” em nosso universo e não a percebemos? Será que nossa realidade é “plana em 3 dimensões” e curva em uma 4° dimensão? Sendo assim nosso universo não é infinito e sim "fechado" e pode ser uma partícula de uma realidade muito maior (acho isso muito mais interessante que um "mundinho espiritual" onde alminhas sem graça ficam andando pra la e pra cá vestidinhas de branco). 

No filme Homens de Preto, uma boa sátira a várias lendas urbanas relativas ao mito dos OVNIs, no final fica claro que nossa galáxia é parte de uma bolinha de gude, um brinquedo de uma criança de um universo bem maior que o nosso…

E se não podemos vislumbrar objetos de 4 dimensões, podemos pensar em suas projeções na nossa realidade de três dimensões. Ora, objetos de três dimensões têm suas sombras projetadas em superfícies de duas dimensões!

Um ótimo trabalho especulativo sobre o tema está em Cosmos, de Carl Sagam, no episódio “O limiar da eternidade, ao qual pode-se assitir aqui:

http://blip.tv/tvescola0004/cosmos-o-limiar-da-eternidade-epis%C3%B3dio-10-dublado-em-portugues-3212367
Ou aqui:
http://www.youtube.com/watch?v=6KOZ-XOtFy0

Texto de minha autoria já publicado no site livrespensadores.org

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Homossexualidade e seleção natural

-Advoga então que seja natural a homossexualidade?
-É um comportamento presente na natureza, embora talvez apenas como exceção.
-E a exceção por ventura pode ser considerada a regra?
-Talvez seja exceção, mas de qualquer forma é mais natural que o hábito de vossa eminência em usar esses seus suntuosos trajes, mais natural que o uso de qualquer traje aliás, da mesma forma que o uso de tudo o que foi criado pela nossa moderna sociedade, posto que nenhum ser natural os usa!
-É algo odioso aos olhos de Deus que nos criou para crescermos e nos multiplicarmos!


A ideia de que a homossexualidade é aprendida, que é cultural ainda tem muita força, não por ter evidências que a comprovem, mas sim por ser útil aos conservadores que vêem a homossexualidade como uma aberração. 
Argumentam que se a criança for criada em um "ambiente homossexual irá se tornar homossexual" na maioria dos casos. E por ter sido ensinada a ser homo, a pessoa poderá ser "curada". Não vou inicialmente tratar dos horrores que foram e ainda são feitos para se "ensinar" as pessoas a deixarem de ser o que são. Argumento apenas contra um ponto que é repetido tal como um mantra sagrado: Homossexuais não tem filhos, logo o que são não pode ser inato, não pode ser fruto da seleção natural. O irônico é que esse argumento que apela para a seleção natural é usado tb por religiosos, que são contrários ao darwinismo. É a religião perneta usando a ciência como muleta...

Homossexuais tem filhos.

O fato de terem atração sexual por pessoas do mesmo sexo não os incapacitam a  terem descendentes. Reprimidos pela sociedade (no passado ainda mais) muitos tem relacionamento hétero. Tem filhos e aí está o fato ainda mais ironico. Quanto mais repressiva é uma sociedade, mais ela força os  homos a terem descendentes. E como ha outros animais que apresentam esse comportamento, não é desencontrado afirmar que ele tem sim um papel na seleção natural, talvez ligado a formação de laços e grupos sociais.

Não afirmo que a sexualidade humana possa ser "reduzida ao genótipo", mas saliento que esse é um fator a ser considerado, ao invés da fantasia de que somos HDs passivos onde nossa personalidade é gravada como um arquivo virtual.



Vicio degenerado pequeno burguês difundido pela burguesia internacional para despovoar o mundo e facilitar a dominação do proletariado.

Contraponto
Por André Drumond Ortega Filho

Quanto a orientação sexual, é uma das ultimas coisas que listaria como "definida por genes" e uma das primeiras a ser influenciada por fatores culturais e sociais. Mesmo aquele tal de Eli Vieira, que se promoveu chutando cachorro morto, deixa bem claro ao falar de "alguma influência genética". Ora, alguém pode se tornar um assassino por problemas psicológicos que podem (sim) ser traçado geneticamente, por exemplo, mas isso não torna todo assassino vítima de surtos psicóticos. Tomando o exemplo na homossexualidade, para dar um exemplo mais claro e além da nossa cultura hedonista e da "homossexualidade lady gaga", eu cito a Arábia Saudita, onde a homossexualidade é simplesmente endêmica, os sauditas são vistos assim pelos outros povos árabes, existe ampla documentação a respeito, turistas comentam acontecimentos extremamente pitorescos e o "mundo gay" é mais badalado do que na África do Sul (onde o casamento gay é legalizado). Existe alguma coisa no gene saudita que os torna homossexuais? É claro que não, então só nos resta uma raiz social, "cultura e preconceitos". Ai a tendência do ocidental com noções fajutas de psicologia é dizer que é endêmico porque é reprimido. Mas ora, ignorando certos problemas inerentes a afirmação, então porque em outros países árabes (além de outros países islâmicos e outros países em geral), onde também é reprimido (socialmente e pelo Estado), a homossexualidade não é tão endêmica como na Arábia Saudita? Isso ocorre porque o regime wahabita impõe segregação sexual e é muito dificil para um homem ter um contato com uma mulher ou vice-versa, a policia pode para-los na rua, assim como existe uma guarda na saída do colégio feminino para evitar que homens se aproximem. Em uma das entrevistas com um saudita a respeito dessa questão, ele pontua como seria complicado levar uma mulher na casa dele, ficar sozinha no quarto com ela, enquanto um homem ele pode levar para o quarto que ninguém dirá nada. E ai se desenvolvem uma série de comportamentos estranhos relacionados a homossexualidade (homens que com a mulher grávida buscam outros homens para se satisfazer, por exemplo).
Se a discussão é muito complicada, eu digo então que um dos aspectos mais complicados e com certeza menos "certos" é afirmar que homossexualidade é ad eternum e ad infinitum uma questão genética.


Contra contraponto

André acima comete erro ao tachar de homossexualidade algo que não é. 
Há um mito muito difundido sobre a homossexualidade em que ela seria a regra em sociedades do passado, como a Grego-romana e mesmo em sociedades repressoras atuais, como as do Oriente médio. 

O que ocorre de fato é outra coisa. 

Em sociedades onde os homens tinham grande domínio sobre a sexualidade das mulheres faltavam jovens solteiras, ex-esposas e esposas infiéis à disposição.  Meninas ficavam confinadas na casa dos pais até o casamento, mulheres na casa do marido. Mesmo escravas eram vigiadas pelos donos. Já garotos saiam para exercer diversas atividades como aprendizes, pajens, garotos de recado, entregadores e até mensageiros em guerras... Daí a facilidade maior de se abusar de meninos do que de meninas. Além disso homens ricos e poderosos podiam contar com grande número de esposas, o que também escasseava o numero de mulheres disponíveis. 

Homens héteros solteiros recorriam então a homens mais jovens e mesmo crianças por falta de opção. 

Não há necessariamente atração sexual, não é necessariamente homossexualidade, é abuso e estupro com a conivência dos país. Por isso o adulto exercia o papel de ativo enquanto o jovem forçadamente o de passivo. Até hoje há em muitas culturas a noção de que "bicha mesmo" é quem se sujeita a passividade...
Meninos não engravidam e não precisavam serem virgens para arrumar um "bom casamento". Quando entravam para a fase adulta e conseguiam uma esposa tinham filhos que davam continuidade ao ciclo. 

Era o que acontecia na Grécia antiga, é o que acontece parcialmente hoje na Arábia Saudita. Ironicamente nessas sociedades a homossexualidade propriamente dita é severamente punida. Na antiguidade e mesmo hj um homem adulto que tivesse relacionamento com outro homem adulto era considerado inferior, sub humano, degenerado, menos homem e poderia sofrer vários tipos de punição, tortura e morte. 

Outro mito correlato é a de que a homossexualidade seria bem vista em exércitos na antiguidade pois faria com que houvesse "empenho de dois homens apaixonados em se defender mutuamente". Na verdade paixões sexuais provocam ciumes, algo terrível numa guerra pois diminui o companheirismo. O que é largamente apoiado em qualquer corpo militar tanto do passado quanto do presente e possivelmente do futuro é a fraternidade. Todo estrategista militar sabe que se deve convencer os soldados de que todos são irmãos, companheiros que confiam um no outro sem possibilidade de traição. 

A homossexualidade é algo inato e forças armadas são formadas quase exclusivamente por homens agrupados as centenas ou mesmo milhares.  É natural que entre eles existam algumas dezenas de homossexuais. Homens héteros em longas campanhas militares sem mulheres obviamente recorrem a eles quando possível, mas basta terem acesso a mulheres que a tendência hétero se confirma. Em caso de voltarem pra casa voltam para suas esposas ou arrumam namoradas... Em caso de invadirem cidades inimigas estupram. 

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

A ciencia é algo estranho ao nosso modo de pensar?


"Há em cada cidade uma tocha - o professor; e um extintor - o padre"
                                                                             Victor Hugo

Sagan argumenta em O mundo assombrado pelos demônios, cap 18, que mesmo povos antigos já produziam conhecimento objetivo e que tinham métodos que se pareciam com o que chamamos de método científico moderno. Embora contassem com forte influência do pensamento mágico em sua vida cotidiana, em caçadas e outras atividades vitais empregavam métodos reais para se encontrar presas, não se limitando a pedir aos deuses ou aos espíritos.

Cita o povo africano "Kung San" que ainda viveria como nossos antepassados caçadores/coletores.

"Como é que eles agiam? Como podiam obter tantas informações [sobre a caça] com pouco mais que uma simples olhadela? Eles examinavam a forma das depressões. O rasto de um animal veloz exibe uma simetria mais alongada. Um animal levemente manco protege a pata machucada, pondo menos peso sobre ela, e deixa uma marca mais fraca. Um animal mais pesado deixa uma depressão mais profunda e mais larga. Ao longo do dia, o rasto é em parte destruído pela erosão. As paredes da depressão tendem a desmoronar. A areia soprada pelo vento se acumula no fundo da cavidade. Talvez pedaços de folha, gravetos ou grama ali se introduzam. Quanto mais se espera, maior é a erosão.
Esse método é essencialmente idêntico ao usado pelos astrônomos planetários, quando analisam as crateras criadas por pequenos mundos que sofrem impactos: sendo iguais todas as outras condições, quanto mais rasa a cratera, mais antiga ela é."

Pois bem. Essa argumentação a qual concordo não me é estranha desde a infância. Naquela época distante a professora falava e a classe ouvia (hoje não sei se é assim ainda). Ela perguntava e meio que sugeria a resposta. Ela falava sobre índios. 

"Os índios tinham chefe?" Perguntava ela, e a classe: 
-Sim!  
-E qual o nome dele? 
-Cacique! 
-E o que o pajé fazia? 
-Tratava os doentes, curava, etc...
-E as rezas dele curavam? 
-Curavam- respondeu a classe, eu tb lógico... Mas aí veio a surpresa, a professora, a tantos anos, em um país tão diferente do atual, disse com todas as letras: "Não curavam não. O que o pajé fazia é chás e outros remédios, ele conhecia as ervas que curavam". 

Essa afirmação da minha querida professora cética me causou uma leve inquietação na época. Então se reza de índio não vale, será que a nossa vale? E isso ficou meio esquecido por um tempo. Mas ao me aprofundar no pensamento cético essas palavras de minha profa ficavam cada vez mais claras, mais evidentes em seu significado. Ao ler o já citado capítulo, pude entender com todas as letras algo dito por uma mestra a crianças de um sertão perdido no meio de um país ainda hoje, décadas depois, cheio de sacerdotes extintores e carente de mestres incendiários!

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Maravilhamento

É uma sensação inigualável. Vc entende algo que se relaciona com outras coisas que estavam "desencaixadas" em sua consciência e de repente, tudo forma um todo coerente. 

Quando ainda uma criança me lembre de ter tido essa sensação, ao brincar de bola na rua (faz tempo). Entendi pq furacões giram em sentidos contrários nos hemisférios norte e sul. Não lembro onde tinha lido que tal coisa acontecia, talvez em algum jornal usado para embalar um pedaço de carne (antes das sacolas plásticas, sabem como é...) Mas não entendia o pq disso, mesmo sabendo sobre o movimento de rotação (aprendido na escola). Foi com a observação direta da rotação da bola que pude ligar os fatos. Foi muito, muito legal.

Sempre tive sede de conhecimento sobre a natureza, mas me deixei levar tb pelo mistérios que ainda permeiam o entendimento da nossa sociedade. Ao contrario dos que dizem que no Brasil todos os professores de ciências sociais são de esquerda, tive professores de historia, de geografia, sociologia e afins majoritariamente de direita. Cedo já demonstrava não concordar com algumas de suas afirmações e perceber que em geral concordava com autores de inspiração marxista. Cheguei mesmo a ler alguns livros de Engels, mais fáceis de entender e ler sem entender tão bem alguns de Marx (anos depois reli e entendi bem melhor). Mas foi Princípios fundamentais de filosofia, escrito por alunos de Georges Plotzer que me causo a mesma sensação de maravilhamento já descrita acima. Um encaixe de varias noções pré existentes em um todo coerente. Mas havia mais elementos  então foi uma experiência ainda mais forte.

Recentemente, já há tempos insatisfeito com a incoerência de algumas noções das ciências sociais com as ciências da natureza tive um novo maravilhamento. Esse eu ainda "estou curtindo". A seleção natural e a crença de que somos seres meramente culturais são mutuamente excludentes e essa contradição precisa ser superada. Há no meu entender evidências demais para não se considerar que é a seleção natural a tese mais acertada, sendo necessário que se reformule a noção de seres culturais. Somos moldados pela cultura, mas não se molda algo do nada, para se fazer cerâmica, ora molda-se a argila não é mesmo?

Enfim, maravilhamento com o conhecimento, uma das mais raras e melhores sensações que se pode sentir!

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Ronald Reagan

É o notório divulgador científico Carl Sagan que nos da uma ideia do homem que comandou os EUA durante os anos 80. O herói dos "neo"liberais mostrado de uma forma nada abonadora...

"Nancy e Ronald Reagan consultavam um astrólogo sobre questões privadas e públicas  sem o conhecimento do público eleitor. Parte das decisões que influenciam o futuro de nossa civilização está visivelmente nas mãos de charlatães."

"O presidente Ronald Reagan, que passou a Segunda Guerra Mundial em Hollllywood, descrevia com detalhes como libertara vítimas dos campos de concentração nazistas. Vivendo no mundo do cinema, ele aparentemente confundia um filme que tinha visto com uma realidade que não conhecera. Em muitas ocasiões, nas suas campanhas presidenciais, o sr. Reagan contou uma história épica de coragem e sacrifício na Segunda Guerra Mundial, uma inspiração para todos nós. Só que ela nunca aconteceu; era o enredo do filme A wing and a prayer"

"Também nos anos 80, Teller vendeu ao presidente Ronald Reagan a idéia do projeto Guerra nas Estrelas chamado por eles de Iniciativa Estratégica de Defesa (SDI). Reagan parece ter acreditado na história altamente imaginativa de Teller de que seria possível construir e colocar em órbita um laser compacto de raios X"
Trechos acima recolhidos do livro O mundo assombrado pelos demônios, de Carl Sagan. 
 
 É um show de horrores. Crença em fantasias. Delírios, sendo enganado por charlatães...

"Por que deveríamos subsidiar a curiosidade intelectual?"
Ronald Reagan, discurso de campanha eleitoral, 1980

Que ideia diferente do que pensavam os fundadores dos EUA.

"Nada é mais digno de nosso patrocínio que o fomento da ciência e da literatura. O conhecimento é, em todo e qualquer país, a base mais segura da felicidade pública."
George Washington, discurso do Congresso, 8 de janeiro de 1790

A grande nação americana se encontra dominada por imbecis reacionários!

domingo, 15 de janeiro de 2012

A honestidade intelectual

Religiosos norte americanos pregam que fenômenos da natureza são castigo de Deus contra os pecadores, por exemplo o furacão Katrina.
 Assumem isso. 
Irracionalidade, lógico, mas ao menos são honestos em assumir que é nisso que acreditam. Ponto para eles no quesito honestidade.

Por aqui a coisa não é assim. 

Há alguns anos um sacerdote da Igreja Universal do Reino de Deus tocou uma imagem de Maria com o pé e disse que "isso não funciona". Com a reação dos católicos, o dono da Universal, Edir Macedo, pediu desculpas aos "irmãos católicos". 
Pq ele fez isso? 
Pq demonstrou essa falta de caráter? Pq não defendeu o tal sacerdote de sua seita que não fez nada além do que demonstrar na pratica a sua crença? Pq?

No orkut, utilizado quase que exclusivamente por brasileiros podemos ler constantemente ataques de "neo"liberais a precariedade dos serviços estatais. Ora, um adepto do liberalismo econômico não deveria reclamar dessa precariedade, antes, em nome de um mínimo de honestidade deveria pregar o fim de qualquer assistência governamental. 
Deveria dizer com todas as letras, não ao SUS, não a aposentadoria, não ao seguro desemprego, ás bolsas e a todo o resto. Quem não pode pagar pela saúde, quem não pagou um plano privado de aposentadoria, quem está desempregado, quem passa fome no sertão...ora... 
Que morra!

É isso que se pode esperar ouvir de um liberal honesto, algo que está em falta por aqui.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Aos que veem no governo a personificação do mal

"Quando, em 1953, se publicou a primeira obra na literatura científica mostrando que as substâncias presentes na fumaça do cigarro, quando espargidas nas costas de roedores, produzem tumores malignos, a reação das seis maiores companhias de tabaco foi começar uma campanha de relações públicas para impugnar a pesquisa, patrocinada pela Fundação Sloan Kettering. Uma reação semelhante à da Du Pont Corporation, quando em 1974 foi publicada a primeira pesquisa mostrando que seu produto Freon ataca a camada protetora de ozônio. Há muitos outros exemplos."
Carl Sagan, O mundo assombrado pelos demônios.

Grandes empresas querem lucro, óbvio. Para isso não se importam se pessoas ficam doentes ou morrem, desde que a culpa não caia sobre elas. E elas tem poder econômico para fazer valer sua vontade, podem financiar políticos que impeçam a criação de leis restritivas a esses produtos e corromper outros politicos. Por outro lado, políticos ligados aos interesses dos nao proprietários podem se manter firmes e fazer valer a vontade do povo. Assim o que chamamos de governo não é um mal em si, é um palco de disputa. Sem governo, poderiam os não proprietários disputar poder com os grandes proprietário?  

É Sagan mesmo quem responde com perguntas reflexivas:

 "O que esses casos revelam sobre a capacidade do sistema de livre empresa policiar a si mesmo? Não são exemplos em que a interferência do governo é claramente a favor do interesse público?"

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

A origem do pensamento cético crítico se deve apenas ao ambiente cultural?

Em uma discussão em uma comunidade virtual, houve a defesa do "ambientalismo" na origem do pensamento cético crítico. Procurei rebater essa concepção ingênua. 

O argumentador escreve:

As influencias com as quais a pessoa tem contato durante a vida são muito mais importantes do que a genética, pelo menos enquanto falamos de racionalidade.
É por isso que podemos dizer seguramente que:
*Carl Sagan não seria um cético se tivesse nascido no paleolítico.
*Osama Bin Laden não seria um fundamentalista islâmico se tivesse sido criado em uma família de racionalistas.
*Richard Dawkins não seria um ateu se tivesse crescido na Arábia Saudita.
*George Bush não seria um criacionista se não tivesse vivido no "Bible Belt".
*Albert Einstein não seria um cientista se morasse na Floresta Amazônica.
*Davi Kopenawa não seria um xamã se tivesse estudado desde criança nas escolas de São Paulo.

A que eu contra argumento:

As influencias com as quais a pessoa tem contato durante a vida são mais importantes do que a genética, ok, mas o termo "muito" deve ser usado com cuidado de qualquer forma. E entre o que vc enuncia que pode dizer " seguramente", talvez nao seja tao seguramente assim.

*Sagan nao seria um cético no sentido moderno, mas talvez ele hesitasse em seguir o bando em seus costumes, questionaria ao menos no intimo a liderança do líder e outras coisas, pois já havia esse comportamento nos nossos antepassados.
* Osama nao seria um fanático religioso? Mas talvez tenderia a ter outras convicções sem necessidade de evidencias
* Dawkins poderia ser ateu na Arábia pq o ambiente o faria religioso? Talvez, mas é possível que fosse menos religioso que a media da população, questionando dogmas por exemplo.
* George Bush é criacionista apenas por ter nascido em tal ou qual ambiente? Acho que da pra encontrar contraposições a essa idéia no que postei acima.
*Albert Einstein sem formação científica mesmo assim ainda poderia ser cético, ter pensamento critico, como pessoas que conheço que tem tais características mais desenvolvidas que outros com "formação".
* Davi Kopenawua poderia ser espírita se fosse paulistano, as mesmas crenças com um verniz elitista europeu.

Enfim, vc faz parecer que somos gravadores. Vc diz acima que "as influencias com as quais a pessoa tem contato durante a vida são muito mais importantes do que a genética". Mas agora afirma que a genética não tem importância alguma no comportamento. O que já era questionável ficou sem fundamento.

Pq hesitamos em reconhecer erros?

"Posso estar enganado".
Essa é uma fala utilizada algumas vezes por Carl Sagan em suas obras. Algumas outras pessoas, por quererem demonstrar que não são "donas da verdade" tb a utilizam, mas muito raramente.

Pq?

Pq sentimos mal estar em reconhecer que não somos infalíveis?

Isso é algo cultural? É aprendido? É próprio de uma civilização e não de outras?
Acredito que a resposta as ultimas três questões seja negativa. É algo profundo, inato mesmo, e precisamos de um esforço muito grande de nossa consciência para superar esse comportamento.

Alguns talvez tenham arrepios em ler a palavra "inato" quando aplicada ao comportamento humano. Pensam que somos um gravador onde o ambiente vai gravando tudo o que somos. Será assim? Ou já nascemos com uma base comportamental? E de onde viria essa base? De algum deus ou outra criatura imaginária? E essa base seria determinante em absoluto?

Acredito que tb a resposta a essas duas ultimas questões sejam negativas. Resta então a questão: de onde viria a base comportamental que não é determinante em absoluto?

Da seleção natural.

Esse comportamento foi útil na sobrevivência e reprodução de nossos antepassados e agora, com as mudanças sociais produzidas por nossa consciência, ela própria fruto dessa seleção natural, se torna obsoleto e mesmo um entrave para posteriores evoluções.

Reconhecer erros no passado demonstrava fraqueza, o que era ruim para a sobrevivência e a reprodução.

Resultado?

Sobrevivência e reprodução nao necessariamente dos que estavam com razão, e sim dos que impunham seu modo de pensar.

Esses sobreviveram e procriaram. Somos seus descendentes.E temos essa base comportamental. Mas isso agora é um entrave a ser superado. A busca pelo conhecimento modernamente premia exatamente os que tem comportamento diferente do padrão. Os que reconhecem erros e se esforçam para superá-los.
 
Afinal não vivemos mais como nossos antepassados, não somos mais caçadores/coletores em savanas e florestas.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Materialismo dialético, religião e psicologia evolucionista

Ainda muito jovem tive no materialismo dialético uma boa base explicativa sobre a realidade social. Mas não fiquei nisso apenas. Sempre tive um pé atrás com algumas crenças tidas por pessoas que honestamente tentavam seguir o "marxismo". 

Para resumir a historia, bem cedo comecei a achar os marxistas em geral adeptos de uma religião, o que contraria em tudo o próprio materialismo dialético. Como isso é possível, me indagava, pq esse culto a Marx e Lenin? Pq essa briga entre stalinistas e trotskistas? Como disse, são pessoas honestas, mas que terminam por se  envolver em verdadeiras seitas... Foram anos tentando entender. 

Em paralelo nunca me limitei as ciências sociais. As ciências "da natureza" sempre me foram muito interessantes, com um grau de objetividade não alcançado pela historia, pela sociologia e afins. Então entendi o conflito. Em geral as ciências sociais entendem o ser humano como produto do meio cultural e só. Não levam em conta a base biológica, produzida pela seleção natural. Erros sobre a biologia e a seleção natural foram cometidos por Engels em suas obras "O papel do trabalho na transformação do macaco em homem", e tb em "A origem da familia, da propriedade privada e do Estado". E talvez nada foi feito para se desfazer esses enganos pelos "marxistas" posteriores. 

Pq? 

Pq o que foi escrito por Marx, Engels, Lenin e outros é tido como sagrado, verdadeiro, imutável... Faça uma crítica a eles e vc já é chamado de "revisionista". Enfim, é o não entendimento da "natureza" humana desenvolvida pela seleção natural a maior falha do "marxismo". E é essa falha que vejo promissoramente sendo sanada pela psicologia evolucionista. 

O materialismo dialético se declara um entendimento científico da realidade, sendo assim é urgente que tenha coragem e disposição de assumir essa falha e se reelaborar. Se ao contrário, ficar repetindo fórmulas e professando dogmas, cada vez mais difícil será distingui-lo da religião.