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quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Homossexualidade e seleção natural

-Advoga então que seja natural a homossexualidade?
-É um comportamento presente na natureza, embora talvez apenas como exceção.
-E a exceção por ventura pode ser considerada a regra?
-Talvez seja exceção, mas de qualquer forma é mais natural que o hábito de vossa eminência em usar esses seus suntuosos trajes, mais natural que o uso de qualquer traje aliás, da mesma forma que o uso de tudo o que foi criado pela nossa moderna sociedade, posto que nenhum ser natural os usa!
-É algo odioso aos olhos de Deus que nos criou para crescermos e nos multiplicarmos!


A ideia de que a homossexualidade é aprendida, que é cultural ainda tem muita força, não por ter evidências que a comprovem, mas sim por ser útil aos conservadores que vêem a homossexualidade como uma aberração. 
Argumentam que se a criança for criada em um "ambiente homossexual irá se tornar homossexual" na maioria dos casos. E por ter sido ensinada a ser homo, a pessoa poderá ser "curada". Não vou inicialmente tratar dos horrores que foram e ainda são feitos para se "ensinar" as pessoas a deixarem de ser o que são. Argumento apenas contra um ponto que é repetido tal como um mantra sagrado: Homossexuais não tem filhos, logo o que são não pode ser inato, não pode ser fruto da seleção natural. O irônico é que esse argumento que apela para a seleção natural é usado tb por religiosos, que são contrários ao darwinismo. É a religião perneta usando a ciência como muleta...

Homossexuais tem filhos.

O fato de terem atração sexual por pessoas do mesmo sexo não os incapacitam a  terem descendentes. Reprimidos pela sociedade (no passado ainda mais) muitos tem relacionamento hétero. Tem filhos e aí está o fato ainda mais ironico. Quanto mais repressiva é uma sociedade, mais ela força os  homos a terem descendentes. E como ha outros animais que apresentam esse comportamento, não é desencontrado afirmar que ele tem sim um papel na seleção natural, talvez ligado a formação de laços e grupos sociais.

Não afirmo que a sexualidade humana possa ser "reduzida ao genótipo", mas saliento que esse é um fator a ser considerado, ao invés da fantasia de que somos HDs passivos onde nossa personalidade é gravada como um arquivo virtual.



Vicio degenerado pequeno burguês difundido pela burguesia internacional para despovoar o mundo e facilitar a dominação do proletariado.

Contraponto
Por André Drumond Ortega Filho

Quanto a orientação sexual, é uma das ultimas coisas que listaria como "definida por genes" e uma das primeiras a ser influenciada por fatores culturais e sociais. Mesmo aquele tal de Eli Vieira, que se promoveu chutando cachorro morto, deixa bem claro ao falar de "alguma influência genética". Ora, alguém pode se tornar um assassino por problemas psicológicos que podem (sim) ser traçado geneticamente, por exemplo, mas isso não torna todo assassino vítima de surtos psicóticos. Tomando o exemplo na homossexualidade, para dar um exemplo mais claro e além da nossa cultura hedonista e da "homossexualidade lady gaga", eu cito a Arábia Saudita, onde a homossexualidade é simplesmente endêmica, os sauditas são vistos assim pelos outros povos árabes, existe ampla documentação a respeito, turistas comentam acontecimentos extremamente pitorescos e o "mundo gay" é mais badalado do que na África do Sul (onde o casamento gay é legalizado). Existe alguma coisa no gene saudita que os torna homossexuais? É claro que não, então só nos resta uma raiz social, "cultura e preconceitos". Ai a tendência do ocidental com noções fajutas de psicologia é dizer que é endêmico porque é reprimido. Mas ora, ignorando certos problemas inerentes a afirmação, então porque em outros países árabes (além de outros países islâmicos e outros países em geral), onde também é reprimido (socialmente e pelo Estado), a homossexualidade não é tão endêmica como na Arábia Saudita? Isso ocorre porque o regime wahabita impõe segregação sexual e é muito dificil para um homem ter um contato com uma mulher ou vice-versa, a policia pode para-los na rua, assim como existe uma guarda na saída do colégio feminino para evitar que homens se aproximem. Em uma das entrevistas com um saudita a respeito dessa questão, ele pontua como seria complicado levar uma mulher na casa dele, ficar sozinha no quarto com ela, enquanto um homem ele pode levar para o quarto que ninguém dirá nada. E ai se desenvolvem uma série de comportamentos estranhos relacionados a homossexualidade (homens que com a mulher grávida buscam outros homens para se satisfazer, por exemplo).
Se a discussão é muito complicada, eu digo então que um dos aspectos mais complicados e com certeza menos "certos" é afirmar que homossexualidade é ad eternum e ad infinitum uma questão genética.


Contra contraponto

André acima comete erro ao tachar de homossexualidade algo que não é. 
Há um mito muito difundido sobre a homossexualidade em que ela seria a regra em sociedades do passado, como a Grego-romana e mesmo em sociedades repressoras atuais, como as do Oriente médio. 

O que ocorre de fato é outra coisa. 

Em sociedades onde os homens tinham grande domínio sobre a sexualidade das mulheres faltavam jovens solteiras, ex-esposas e esposas infiéis à disposição.  Meninas ficavam confinadas na casa dos pais até o casamento, mulheres na casa do marido. Mesmo escravas eram vigiadas pelos donos. Já garotos saiam para exercer diversas atividades como aprendizes, pajens, garotos de recado, entregadores e até mensageiros em guerras... Daí a facilidade maior de se abusar de meninos do que de meninas. Além disso homens ricos e poderosos podiam contar com grande número de esposas, o que também escasseava o numero de mulheres disponíveis. 

Homens héteros solteiros recorriam então a homens mais jovens e mesmo crianças por falta de opção. 

Não há necessariamente atração sexual, não é necessariamente homossexualidade, é abuso e estupro com a conivência dos país. Por isso o adulto exercia o papel de ativo enquanto o jovem forçadamente o de passivo. Até hoje há em muitas culturas a noção de que "bicha mesmo" é quem se sujeita a passividade...
Meninos não engravidam e não precisavam serem virgens para arrumar um "bom casamento". Quando entravam para a fase adulta e conseguiam uma esposa tinham filhos que davam continuidade ao ciclo. 

Era o que acontecia na Grécia antiga, é o que acontece parcialmente hoje na Arábia Saudita. Ironicamente nessas sociedades a homossexualidade propriamente dita é severamente punida. Na antiguidade e mesmo hj um homem adulto que tivesse relacionamento com outro homem adulto era considerado inferior, sub humano, degenerado, menos homem e poderia sofrer vários tipos de punição, tortura e morte. 

Outro mito correlato é a de que a homossexualidade seria bem vista em exércitos na antiguidade pois faria com que houvesse "empenho de dois homens apaixonados em se defender mutuamente". Na verdade paixões sexuais provocam ciumes, algo terrível numa guerra pois diminui o companheirismo. O que é largamente apoiado em qualquer corpo militar tanto do passado quanto do presente e possivelmente do futuro é a fraternidade. Todo estrategista militar sabe que se deve convencer os soldados de que todos são irmãos, companheiros que confiam um no outro sem possibilidade de traição. 

A homossexualidade é algo inato e forças armadas são formadas quase exclusivamente por homens agrupados as centenas ou mesmo milhares.  É natural que entre eles existam algumas dezenas de homossexuais. Homens héteros em longas campanhas militares sem mulheres obviamente recorrem a eles quando possível, mas basta terem acesso a mulheres que a tendência hétero se confirma. Em caso de voltarem pra casa voltam para suas esposas ou arrumam namoradas... Em caso de invadirem cidades inimigas estupram. 

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