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sábado, 30 de março de 2013

Sobre a psicologia evolucionista II



Não são apenas mulheres que preferem homens bem vestidos. Evolutivamente tanto homens e mulheres preferem seguir quem tenha símbolos de status elevados. Mas os homens em geral preferem se relacionar com mulheres de status levemente mais baixo que o seu para manterem o poder. Com as mulheres é ao contrario. 


Homens são mais diretos quando se trata de sexo, pois mais parceiras sexuais significa mais descendentes, daí terem mais atração por mulheres nuas. Mulheres observam mais a roupa e outros símbolos porque além de bons reprodutores também tem que identificar bons provedores e são os símbolos de status que dão pistas sobre isso. Novamente ressalto que escrevo sobre a base comportamental. A influência sociocultural pode modificar consideravelmente esse comportamento, mas não anulá-lo de todo. 

Na natureza as diferenças entre macho e fêmea são “nuas e cruas”. A nossa consciência modifica isso, daí as mulheres terem conseguido mudar muita coisa, mas no íntimo, na parcela primitiva, a natureza continua a influenciar o comportamento... É significativo que revistas com nu feminino sejam muito mais comuns do que com nu masculino, mesmo com as mulheres tendo liberdade e poder aquisitivo para comprá-las. Caso fosse um hábito apenas cultural esse quadro já teria se modificado, mas não é o caso. Revistas para o publico feminino mostram pessoas, em especial homens, bem sucedidos, com roupas, carros e casas que indiquem status elevado. Mesmo que seja na novela da TV. Então considerar diferenças de comportamento entre homens e mulheres como sendo apenas culturais é enganoso. Acreditar que diferentes hábitos entre homens e mulheres são obra unicamente da dominação machista patriarcal opressora falocrata é discurso ingênuo e fora da realidade que apela a um igualitarismo inexistente.


De qualquer forma líderes, sejam homens ou mulheres, sempre se apresentam com roupas diferenciadas. O terno apresenta-se já há muitas décadas como o “traje geral de demonstração de status” e não raro vemos chefes mulheres usando versões femininas dele. Políticos, empresários e alguns líderes religiosos o usam para se destacarem aos nossos olhos e despertar nosso respeito, temor, admiração e consideração. Líderes militares usam fardas. Padres e bispos utilizam batinas. O propósito é o mesmo, ir de encontro a programação imposta a nós pela seleção natural. 

Mesmo reclamando por trás a maioria de nós cumpre as ordens desses líderes quando à sua frente. E isso não é apenas força de expressão. Podemos ver na prática atitudes inatas e comuns de obediência e reverência a todas as culturas. Isso ocorre quando o governador visita uma repartição pública, quando o superintendente vai a um escritório da empresa que lhe é subordinada, o secretário de educação vai a uma escola, o bispo vai a uma comunidade pertencente a sua diocese, o general passa em revista a tropa ou o juiz vai ao cartório... Se pudéssemos voltar no tempo veríamos as mesmas expressões, gestos, tom de voz, e postura corporal quando um grande chefe guerreiro ia a uma das tribos que se subordinam ao seu domínio. Os comportamentos são os mesmos...


Já no exemplo do churrasco trata-se de quase exclusiva influência cultural. É marcante que em alguns países como o Brasil, Argentina e EUA sejam os homens que o preparem. Mas outros tipos de preparo de carne são majoritariamente feitos por mulheres. Não é um comportamento generalizado. Não há indicação de que exista influência considerável da seleção natural nesse comportamento supostamente exclusivo dos homens. Não há uma vantagem evolutiva identificada. Talvez o fato de mais homens que mulheres gostarem de esportes que simulem caçada, como o futebol seja um reflexo indireto de comportamentos evolutivos. Homens mais habilidosos foram selecionados naturalmente para a caça, enquanto mulheres não porque a caça era uma atividade masculina. 

Mas novamente é necessário dizer, tudo se dá em um nível cada vez mais indireto quanto mais complexo é o comportamento. O sistema nervoso é um conjunto de órgãos que evoluíram por seleção natural tal como os outros. Essa seleção forjou a estrutura material do cérebro que nos capacita a raciocinar e exercer as demais funções mentais superiores. A ideia central da psicologia evolucionista é a de que nosso comportamento e modo de pensar são originados por essa estrutura e são, obviamente, influenciados pela sua própria história evolutiva.


Em ambos os casos citados anteriormente parece haver precipitação em identificar comportamentos com evolução. E isso induz ao erro, mas há criticas feitas à psicologia evolucionista as quais ela precisa ser defendida. Ela não é a retomada do velho conceito do inatismo, de origem religiosa, que era dominante no passado. Ela de forma alguma representa o ser humano como um ser que já vem pronto ao mundo e principalmente não considera válida nenhuma suposição sobre a origem de nosso modo de pensar e de nosso comportamento como sendo obra de algum ser sobrenatural. Ela não coloca “a evolução no lugar de Deus” na criação de nossa mente. A evolução é um fato e não algo imaginário, e sendo assim entendida tem sua ação na formação do que somos. 

Tudo em nós é obra do ambiente, mas isso deve ser entendido de forma adequada. O ambiente em que viviam nossos antepassados determinou nosso desenvolvimento biológico. O ambiente em que vivemos hoje nos proporciona a cultura. É dessa interação entre formação biológica e aprendizado que se constrói o ser humano.

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