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domingo, 10 de março de 2013

Ojeriza à evolução


Nenhuma outra teoria cientifica desperta nos religiosos tanta aversão quanto a evolução por seleção natural. 

Todo o progresso das ciências em todos os campos do conhecimento se deu negando mitos do passado, o que é bastante natural. Povos primitivos tinham ideias próprias sobre a realidade baseando-se na sua experiência. Povos modernos têm também ideias sobre a realidade baseadas em sua experiência. O que mudou então foi a quantidade de experiência adquirida, e não foi pouca. E também as formas de se adquirir experiência evoluíram. 

Compreensivelmente muitos mitos antigos foram negados. Mas conhecimento real foi preservado e reelaborado, numa demonstração de que nem tudo era engano no passado. Assim remédios naturais, por exemplo, puderam ter suas substâncias estudadas para se verificar quais eram de fato benéficas e separá-las de substancias nocivas.

Mas conhecimento equivocado deve ser tratado como tal. A Terra não é o centro do universo e nem é plana. O Sol, a Lua e demais astros não estão presos em círculos transparentes. Doenças não são causadas por maus espíritos. Visualização de locais distantes pode ser feita sim, mas não por bolas de cristal e sim pela TV. Telepatia nunca se confirmou. Nos restou ter que inventar o telefone... 

Mas crenças antigas em geral não se extinguem, elas se transformam e se adaptam os novos tempos... É o caso do mito da criação do mundo. Na bíblia diz-se que a criação se deu em seis dias. Grupos religiosos atuais trocam o termo dias pelo termo eras pra tentarem estar mais de acordo com os conhecimentos presentes. Mas no caso da evolução, a coisa é diferente. 

A teoria evolucionista vai contra uma crença muito cara a maioria das pessoas. A de que são especiais e ocupam um lugar destacado na criação. Essa crença não depende apenas da religião em questão. Quase toda religião tem afirmações de que os seres humanos são o suprassumo da existência, o que reflete o fato de nos considerarmos assim. 

Negar que nosso planeta seja o centro do universo como fez Copérnico não nos afeta tanto quanto Darwin ao afirmar que temos antepassados em comum com chimpanzés e o que nos diferencia é uma maior estruturação do cérebro e não uma inteligência divina nos guiando. 

Não existe uma “teoria religiosa” sobre a atração gravitacional e nem uma física de partículas cristã, uma mecânica quântica muçulmana, um modelo padrão judeu, a tabela periódica indu... Os religiosos não parecem ter motivos para criar nada disso. Apenas os místicos pegam carona nas descobertas da mecânica quântica e fazem afirmações absurdas de que suas crenças são confirmadas pela “física quântica”, mas isso fica para outro texto. Em se tratando de religião propriamente dita, apenas a evolução encontra-se laureada com uma concorrente. O design inteligente.

Para não terem que reconhecer que suas ideias estão em desacordo com a realidade, grupos religiosos criaram essa noção de que é impossível que estruturas complexas como o olho humano evoluam de estrutura mais simples. Também “o acaso” não pode explicar a diversidade da vida e a interação dela entre seus inúmeros representantes. Tudo seria fruto de um planejamento, de uma inteligência que criou e organizou a existência. 

O problema é que não há evidencia de que exista tal inteligência anterior a existência do universo. Ao contrário, as evidencias apontam ao fato de que inteligência é fruto de seleção natural, não existe antes que exista uma complexa estrutura que a origine.  Noções básicas e fundamentadas da ciência são jogadas fora por essa crença religiosa, o design inteligente, travestida de teoria cientifica. A evolução de estruturas simples para as mais complexas é exatamente do que trata a teoria evolucionista que conta com inúmeras evidencias em várias áreas do conhecimento. 

Mesmo não tendo apego à ciência, os proponentes do design se valem da 2° lei da termodinâmica para fazerem crer que a evolução é uma impossibilidade. Se esquecem que nosso planeta não é um sistema fechado. Recebe energia do Sol. 

Mesmo assim há alguns cientistas que a aceitam e defendem o design inteligente. Agem em função de que sua crença no criacionismo não seja negada, o que mostra que para eles quando crença e evidências se chocam, vence a crença, evidências não bastam...

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