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sexta-feira, 1 de março de 2013

Feminismo e seleção natural


Gorilas disputam fêmeas com outros machos. Quando vencem ficam com a fêmea e caso ela tenha um filho do outro macho ainda sob seus cuidados, matam esse bebê gorila com um soco na cabeça. 

Chimpanzés, ainda mais próximos a nós evolutivamente formam tropas de machos jovens que invadem territórios de outros bandos.  Eles agridem os machos adversários, as vezes até a morte e se estupram fêmeas. Também conquistam áreas nesses territórios de outros bandos. 

Já entre bonobos, também muito próximos a nós, a violência dos machos é menor e fêmeas tem maior predominância e praticas sexuais não são tão restritivas quanto nos demais primatas citados. É comum o sexo grupal de todos com todos. 

Seres humanos tem consciência e ela controla nossos impulsos. Mas não totalmente. Temos nosso passado evolutivo nos forçando a agir como nossos parentes primatas, mais como chimpanzés e gorilas do que como bonobos infelizmente. Não houve uma mutação nos humanos como parece ter havido nos bonobos que tornou os machos menos agressivos, competitivos e dominadores. É necessário ver esse quadro pela ótica real e não da forma com que veem os adeptos da “tabula rasa”. Esses consideram que tudo o que somos é aprendido e não há nada em nosso modo de pensar e agir que independa da cultura do local em que vivemos.

As feministas e demais grupos reivindicatórios são adeptos em grande parte dessa noção. Para elas o comportamento machista é majoritariamente ou mesmo exclusivamente fruto de aprendizado. Nenhuma criança nasceria machista, mas a sociedade ensinaria esses valores por diversos meios. Mulheres são dominadas, espancadas, tidas como inferiores e tudo o mais devido simplesmente o fato dos homens terem sido ensinados a agirem assim. Algumas mulheres aceitam essa situação também por terem aprendido que esse é o único comportamento adequado. 

Essa ideia inverte a realidade. Machos e fêmeas humanos evoluíram de animais onde essa situação já era a regra. Há toda uma estrutura cerebral moldada dessa forma. Mas em que isso muda a nossa compreensão sobre a injustiça do machismo. Ou ainda, isso justifica o machismo? Não, de forma alguma, o caso é outro. Por acharem que os comportamentos típicos do machismo são apenas aprendidos e não tem nenhum componente inato, as feministas consideram que seja fácil se livrar desse aprendizado, e tendem a culpar os homens por “não quererem deixar de serem machistas”. Também tendem a ver as mulheres mais passivas ao machismo como tolas ou “traidoras da causa”. 

Seres humanos tiveram mutações fantásticas que criaram uma estrutura cerebral superior em relação aos demais animais. Essa estrutura é a sede da consciência. Ela pode dominar a parte mais primitiva do cérebro para qual não somos em nada diferentes de chimpanzés e gorilas. No entanto, o comportamento dessa parte primitiva não é fruto de aprendizado, é uma reminiscência, uma herança de nossos antepassados. Ao fazermos um esforço consciente podemos dominar nossos impulsos primitivos. A origem biológica do comportamento machista serve de base para a cultura machista, mas a cultura é bastante maleável e pode ser usada para domar sua própria base. 

Em outras palavras, há toda uma relação intima entre cultura e biologia, mas confundir causa e efeito em nada serve para ajudar a acabar com o problema. Homens não inventaram o machismo por causas puramente culturais. Engels e autores de esquerda em geral cometem o erro de identificar a origem do machismo como tentativa dos homens em salvaguardar a propriedade privada sua para seus filhos legítimos, para isso tendo que controlar totalmente a sexualidade feminina para que ela não lhes de filhos bastardos. Antes da existência da propriedade privada não haveria machismo pois não existe herança alguma. Os seres humanos primitivos não seriam machistas e as sociedades matriarcais seriam a regra. Mas esse argumento é falho. 

Não existem indícios de que sociedades comandadas por mulheres tenham sido a regra em nenhum período de nosso passado. Os componentes biológicos do machismo são evidentes. Mais importante do que a propriedade privada, os machos, sejam gorilas ou homens, querem é preservar sua herança genética. Seu cérebro primitivo cuida para que sejam os seus filhos a terem cuidados necessários para que cresçam e se reproduzam. Em um mundo sem métodos reais de verificação de paternidade o modo encontrado era a dominação e o controle sobre a sexualidade feminina. 

Hoje apesar de todas as mudanças culturais, ambientais e sociais, nossa parcela primitiva do cérebro se encontra presa a esse passado e age da mesma forma, atuando nos bastidores para que nossa mente consciente não seja totalmente racional, ética, compreensiva e muito menos politicamente correta. 

Há que se combater o machismo, mas há que se conhecer o inimigo a se combater. Homens até certo ponto nascem sim machistas, mulheres também. Todos precisam ser ensinados a não ser. Mas o chimpanzé está sempre à espreita.



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