Total de visualizações de página

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Podemos conhecer a realidade?

Muitos respondem negativamente a questão acima. Alegam que nossos sentidos são imperfeitos e por isso não podemos ter certeza do que vemos, ouvimos e percebemos pelos outros sentidos. Mas não sabemos das coisas apenas "percebendo" as mesmas diretamente.

Fazemos comparações com as experiências de outras pessoas, constatamos fatos que sejam recorrentes, examinamos as condições que possibilitem que ocorra, e as que os possibilitam. É um simplismo ingênuo alegar incapacidade de conhecer devido aos limites dos sentidos. 

Uma outra forma de negar a possibilidade do conhecimento é a alegação de que não há uma realidade objetiva exterior a nós, ou em outras palavras: 

"Não existe verdade absoluta, ela é relativa ao ponto de vista. O que é verdade em uma sociedade, não é em outra, ou o que é verdade para mim, não é para outra pessoa."

Mas isso só faz pleno sentido para gostos pessoais em relação a criações humanas subjetivas como a arte. De forma parcial pode essa subjetividade se expressar nas chamadas "ciências da sociedade" e na psicologia.

Mas não está de acordo com os fenômenos naturais estudados pela física, química e biologia. E mesmo nas ciências que versam sobre a sociedade e mente humana a subjetividade é muitas vezes usada para mascarar e não explicitar o conhecimento.

Nossa presença no mundo é marcada pelas transformações que causamos nele, e transformamos a nós mesmos nesse processo. É por isso que existe subjetividade em assuntos que se relacionam diretamente a nós. 

Mas a realidade é absurdamente maior do que nosso mundinho e existe a bilhões de anos antes que o primeiro humano evoluísse de seus ancestrais. Ela é o próprio universo (talvez) infinito. 

É absurda a noção de que a realidade seja determinada pelo que pensamos ou pela forma com que a compreendemos. Podemos então dizer que o conhecimento não depende de nossa interpretação, de nossas preferências ou de nossa vontade a não ser em casos particularidades em que somos nós recriamos artisticamente a realidade por meio da pintura, escultura, artes cênicas, literatura, música, arquitetura e afins.

Por mais difícil que seja "arrancar a verdade"
da natureza, conhecer os fatos e não apenas as versões, creio que a realidade não seja inalcançável, ela se mostra após uma dura luta de verificações, análise de dados e comparação de informações. 

Já quando se trata do "auto conhecimento" dos seres humanos, sua psicologia, sua sociedade e evolução histórica parece haver barreiras intransponíveis em se fugir de vieses, ideologias, defesa de crenças e da vontade de acreditar. 

Um dado curioso alegado pelos estudiosos críticos da história é que ela é contada sempre pelos vencedores, e que temos que buscar tb a versão dos derrotados. 

Falta a esse discurso o entendimento de que versões são sempre versões, independente se de vencedores ou perdedores, e o que ocaso deveria ser descobrir os fatos escondidos sob as versões.

A enorme gama de conhecimento objetivo de que dispomos deu frutos inegáveis, alguns amargos como armas imensamente poderosas e a devastação ambiental,  mas a maioria doce, capazes de melhorar a vida e torná-la muito melhor do que era no passado. 

Uma grande parte da humanidade dispõe de conforto e recursos nem sequer imaginado até mesmo por reis e outros ricos e poderosos de poucos séculos passados, mas esses itens por sua vez são infelizmente negados aos que não podem pagar por eles. 

Exemplifico com os avanços na medicina em especial. Demostração excelente do conhecimento objetivo que tanto melhorou a vida humana, mas ainda inacessível a grande parcela dessa mesma humanidade, mantida em condições de pobreza extrema por um sistema social injusto ainda não superado.

Cabe aos estudiosos de nossa sociedade e de nossa psique encontrar meios de se superar nossa condição atual de injustiça social, sem cometer os erros desastrosos em especial do século passado, onde inúmeros países mergulharam em experiências enormes de transformação social, a maioria com resultados não satisfatórios quando não desastrosos 

Nenhum comentário:

Postar um comentário