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terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

2- Lamarck e os olhos de peixe



Pessoas que se opõem a realidade, que preferem a tendência ilusória de crer em um planejador universal inventaram exatamente uma suposição mirabolante chamada de "design inteligente". É tida por desavisados como sendo uma "teoria concorrente" da evolução por seleção natural; mas não tem consistência, é apenas o mito religioso reformulado. A união da tendencia a "vemos trabalho planejado na origem de tudo" com a recusa a aceitar a nossa origem primata faz do design inteligente uma crença muito forte, mesmo sendo tola, sem base real alguma.

Mas antes de Darwin muitos obviamente perceberam a evolução. Alguns se propuseram a explica-la de forma honesta, embora não tenham alcançado um nível de entendimento tão grande quando o famoso pesquisador (na verdade o mecanismo da seleção natural foi percebido pouco depois de Darwin  por Wallace. Então ambos dividem o mérito, embora Darwin seja mais famoso).

O mais conhecido formulador de uma tentativa de explicar a evolução antes da Darwin é Lamarck. Em geral sua explicação sobre a evolução é apresentada nos livros de escola de forma anedótica, usando uma girafa como exemplo de como ele imaginava que o esforço do animal em espichar o pescoço para se alimentar da copa das arvores acabou passando a característica "pescoço comprido" para seus descendentes.

A formulação de Lamarck é mais complexa e interessante do que isso e em tempos em que não se conheciam a ação dos genes na transmissão de características hereditárias forneceu algumas explicações bem convincentes embora erradas sobre como se da a evolução. Até hoje se não tomarmos cuidado ao falarmos de evolução nossas noções expostas se tornam "lamarckianas" e não "darwinistas". E isso é bastante comum e vamos entender pq a seguir.

Em uma caverna profunda e portanto sem iluminação um fato curioso se dá. É grande o número de animais cegos entre os que vivem exclusivamente nesse ambiente, como insetos e peixes em algum lago que porventura exista nela. Ora, a "falta de uso dos olhos" imediatamente parece ser o motivo para a cegueira, certo? Os antepassados desses animais não precisavam de olhos e logo passaram essa falta de necessidade para os filhos, netos, bisnetos, etc até que a falta de uso por gerações acabou por atrofiar os olhos. Convincente a explicação, mas falha.

Na verdade a característica "cegueira" que era uma deficiência física em "ambiente com luz" se tornou uma vantagem  num ambiente sem luz.  

Animais que nasciam cegos no ambiente com luz não viviam tanto e nem se reproduziam muito em relação aos que enxergavam. Eram portanto muito raros. Em ambiente sem luz puderam   viver e se reproduzir mais que seus concorrentes. Em algumas gerações seu numero suplantou o dos que enxergam.

Notem que evito sempre aquela velha fala de "ser necessário milhões de anos para que se de a evolução"... Não é sempre necessário um tempo tao grande. E tb ainda não mencionei o papel dos genes, em parte para simplificar a coisa, em parte pq Darwin conseguiu formular a teoria sem conhecimento sobre genes, embora tenha intuído alguma coisa sobre o mecanismo de ação deles. Mas cabe a Mendel a noção mais acabada de como se da essa ação.

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